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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

O cântico de Simeão

Por John Stott

“Meus olhos já viram a tua salvação... luz para revelação aos gentios e para a glória de Israel, teu povo” (Lucas 2.30,32).

Hoje seremos apresentados a esse homem piedoso, chamado Simeão. Ele aguardava ansiosamente o Messias, e Deus lhe disse que ele não morreria antes de vê-lo. Movido pelo Espírito Santo, ele entrou no pátio do templo no momento exato em que José e Maria chegavam ali com seu filho de oito dias. Foi um exemplo maravilhoso de sincronização divina.
Naquele instante, Simeão teve discernimento espiritual para reconhecer Jesus. Ele o tomou nos braços, não instintivamente, para dar-lhe um abraço, mas como um gesto simbólico de reconhecimento, que ele deixou evidente em seu cântico: “Ó Soberano, como prometeste, agora podes despedir em paz o teu servo” (Lucas 2.29).

Primeiramente, Simeão viu Jesus como a salvação de Deus. O que seus olhos tinham visto foi o filho de Maria; o que ele disse ter visto foi a salvação de Deus, o Messias que Deus havia enviada para nos libertar da pena e da prisão do pecado.

Em segundo lugar, Simeão viu Jesus como a luz do mundo, que iluminaria as nações e traria glória a Israel. Conscientemente ou não, ele ecoou Isaías 49.6, um versículo que mais tarde teve um importante papel na teologia missionária de Paulo.

Em terceiro lugar, Simeão viu Jesus como um motivo de divisão, uma rocha que seria tropeço para alguns e edificação para outros. Ele faria com que alguns se erguessem e que outros caíssem. Diante de Jesus, a neutralidade é impossível.


A história de Simeão é uma lição acerca da nossa condição espiritual. Que Deus nos conceda o discernimento para vermos, sob a superfície das aparências, a realidade de Jesus Cristo!

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

O amor precede a hospitalidade


Por Leandro Louzada

Texto Base: III João 1-4

Introdução: III João é juntamente com II João a menor carta do NT, segundo John MacArthur elas contém menos de 300 palavras gregas. O tema central de III João é: “Hospitalidade uma marca do verdadeiro cristão”.

Estamos tratando então de uma carta, mas como era uma carta no mundo antigo?
Dos 27 escritos do Novo Testamento, 21 são cartas. No século I, não existia tantos recursos de comunicação como temos hoje, por isso as cartas eram o meio mais usado para comunicação.
Também devido o crescimento rápido da Igreja, a forma encontrada para manter contato entre os cristãos por uma meio flexível, barato e ágil era a utilização das cartas.
As cartas também era uma forma de “marcar presença”, Leon Morrin diz que: “Poderíamos chamar isso de um meio para manter contato” .

A maioria das cartas do mundo antigo era constituída de três partes:

1.      Introdução: Contendo uma saudação, votos de saúde e benção;
2.      Corpo da carta: Desenvolvimento dos temas propostos, ligando a introdução ao corpo e o corpo a conclusão;
3.      Conclusão: Termina com saudações de diversos tipos e as cartas do Novo Testamento (algumas), acrescentam uma doxologia ou benção e diversos pedidos, desde oração (Romanos), até um pedido para trazer uma capa e livros (II Timóteo).

Agora que sabemos o que é uma carta e como era utilizada, precisamos saber quem, onde e quando a carta de III João foi escrita?
Alguns estudiosos defendem que esta carta foi escrita por um presbítero chamado João e não tinha qualquer relação com o apóstolo João. Porém essa posição teológica nunca ficou provada, muito menos a existência deste homem.
A tradição diz que tanto as três cartas de João, como o Evangelho de João e o livro do Apocalipse, foram escritos pelo apóstolo João, aquele conhecido como apóstolo do amor. Basta fazermos uma leitura superficial dos seus escritos que observaremos grandes semelhanças. 
João escreve essa carta segundo MacArthur, provavelmente entre os anos 90-95 a.C, quando o presbítero estava pastoreando a Igreja de Éfeso.
Diante disso, passaremos a analisar os 4 primeiros versos desta carta, a introdução da mesma.

1)      Não ame apenas de palavras (v.1).

1.1.      João se apresenta como presbítero

Isso significava que era um ancião encarregado da administração e governo de Igrejas individuais. João era o responsável por algumas igrejas, mesmo não estando pastoreando as mesmas efetivamente.

1.2.      João escreve ao amado

O termo no grego utilizado como amado, significa aquele que possuo profundo laço de afetividade, podendo se referir a Deus ou irmão. Aqui precisamente João está usando o termo para enfatizar Gaio.
Gaio era um cristão muito amado por João, não sabemos bem certo quem era Gaio, seu nome era um dos 18 mais usados no mundo grego-romano, mas sabemos como o mesmo era querido e se portava diante da comunidade que vivia.

1.3.      João o ama na verdade

João possui um profundo laço afetivo com Gaio e agora enfatiza isso, dizendo que o ama, no original significa que o valoriza e manifesta generosa preocupação pelo “Amado”, essa preocupação e valorização o impulsiona a cuidar e desejar continuamente o cuidado daquele irmão.
Mas o presbítero faz questão de mostrar que faz isso na verdade, ou seja, não somente em palavras, mas em conduta, sinceridade e veracidade.

João não só fala, antes, demonstra com suas atitudes e integridade de coração o amor.

2)      Não seja apenas alvo do amor, transmita o amor (v.3-4).

2.1.       João deseja o bem estar de Gaio

Como já foi mencionado, nas cartas antigas, geralmente votos de saúde são mencionados para o receptor ou receptores da carta. João deseja prosperidade e saúde para Gaio. Prosperidade é viver plenamente, contente e tendo as necessidades supridas e saúde é ter um corpo ausente de problemas físicos.

2.2.      João quer enfatizar e apontar a vida espiritual saudável de Gaio

O presbítero usa a palavra psique, que significa a sede dos desejos, sentimento e apetites. Ele o deseja prosperidade e saúde, assim como tem uma vida espiritual saudável. Gaio era um homem equilibrado.

2.3.       João mostra que uma vida espiritual saudável, está associada ao testemunhar e andar na verdade.

Se notarmos, veremos que João estava falando de amor e verdade, agora muda para apenas verdade. Mas não podemos dicotomizar o amor da verdade, ambos estão entrelaçados, não tem como viver na verdade sem o amor e assim vice-versa. Andar no caminho da verdade significa andar no caminho do amor, lembra o que o próprio João transcreveu: “E disse Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida...” (João 14.6a) e “Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor” (I João 4.8).
Assim, como João não ama Gaio só de palavras, o mesmo salienta que o “Amado” também vive desta maneira, não é apenas alvo do amor, porém, transmite esse amor, algo reconhecido e experimentado por aqueles que estão a sua volta.

2.4.      Diante disso João pode ter tranqüilidade

O verbo grego utilizado tem o significado de estar calmamente feliz, confortável, em paz e tranqüilo.

João sabendo que Gaio não é somente alvo do amor, mas transmite esse amor com sua vida e palavra, fica extremamente calmo, tranqüilo e confortável.

3)      Não fique estagnado, cresça na verdade e amor (v.4).

3.1.       João mostra que andar na verdade significa crescer na verdade, sendo assim, crescer no amor.
Crescer em uma vida de boa conduta, um andar e viver sincero e em tudo que fizer, falar ou pensar que seja com veracidade.
Mas isso não pode ser apenas por um momento ou tempo, por sua vez, deve ser continuo, o que a Bíblia chama de crescer de Glória em Glória a maturidade cristã.

 3.2.       Diante disso João pode se alegrar
Gaio estava testemunhando, vivendo e progredindo na verdade. Diante disso, João sente profunda alegria, deleite e satisfação. João faz questão de dizer que o considerava o seu filho na fé, a palavra no grego pode ser traduzida também como aluno e discípulo. Gaio era um discípulo, o discípulo estava sempre a disposição do seu mestre para crescer e aprender, ele aprendia no caminhar e viver.
Gaio não era apenas alvo do amor, mas transmitia o amor, todos que estavam a sua volta viam o seu agir e progresso, mas mesmo assim ele ainda estava progredindo e sua caminhada ainda não havia acabado.

Conclusão: João amava Gaio não só com palavras, por sua vez, Gaio era o alvo do amor, mas também transmitia esse amor e não apenas vivia e transmitia esse amor fincando na verdade, como a cada dia buscava andar e caminhar na direção desta verdade que estava ancorada no amor de Deus.
Será que estamos amando o outro com palavras e atitudes? Estamos querendo ser amados e cuidados, mas será que amamos e cuidamos? Como está nossa vida espiritual, estamos progredindo na verdade? Qual o sentimento dos outros ao nosso respeito, as pessoas sentem paz, descanso e tranqüilidade quando pensam ou escutam sobre nós ou ficam angustiadas e tristes?
Qual atitude tomaremos a partir de hoje? Andaremos no caminho da verdade e amor ou não?

A Deus seja dada toda glória, amém!


segunda-feira, 27 de maio de 2013

A vida e obra de Timóteo contada em poucas palavras

Por Leandro Louzada

Texto base: Atos 16.1-5

Listra e Derbe eram as últimas cidades da Galácia visitadas na primeira viagem missionária. Agora, viajando de leste a oeste, obviamente Derbe e Listra eram as primeiras cidades a serem revisitadas.
Um evento que ficou marcado na história da igreja e cristianismo aconteceu na cidade de Listra. Naquela cidade moravam um jovem chamado Timóteo, sua mãe Eunice, que era uma judia que se converteu à Cristo. Evidentemente, ambos foram aceitos por Cristo na primeira viagem missionária de Paulo, neste período provavelmente Timóteo teria 13 anos de idade.
Paulo revisita a cidade de Timóteo aproximadamente 6 anos depois, e nesta visita escolhe Timóteo, agora com 19 ou 20 anos, para ser seu parceiro de ministério.
Mas quem era esse jovem? Hoje iremos aprender sobre a vida de um jovem que balançou o mundo.

1)      Como era a família de Timóteo? (v.1)

1.1) Filiação e educação

Timóteo era filho de uma judia e de um grego, o famoso casamento misto, composto por pessoas de diferentes credos, raças e cultura. Em Jerusalém não existia muitos casamentos assim, nem era bem vistos, mas nas cidades mais distantes era comum a realização dos mesmos, principalmente em terras gentílicas.  O verbo “era” que se encontra no verso 3, dizendo que Timóteo era filho de um gentio, está no modo imperfeito, ou seja, provavelmente o seu pai já havia morrido. Também é citado na Bíblia a sua vó chamada Loide, uma judia que Paulo diz que não tinha uma fé fingida e que foi exemplo para o jovem Timóteo (II Tm 1.5).

1.2) Composição do seu lar

Timóteo era fruto de uma família disfuncional, mesmo assim foi ensinado por sua mãe, vó e Paulo. Ele não se tornou um monstro por possivelmente não ter pai ou por ser de uma família mal vista. Na Pré-adolescência, o Deus não só dos judeus se revelou e o chamou.

2) Como era o modo de viver de Timóteo? (v.2)

2.2) Um discípulo de Cristo

Lucas diz que Timóteo era um discípulo, no grego a palavra discípulo e aluno é a mesma, Timóteo era um jovem disposto a aprender os valores do reino de Deus.

2.3)  Um exemplo no seu modo de viver

Conhecido na região de Listra e Icônio, como um jovem exemplar, que dava permanentemente um bom testemunho diante dos homens, ao ponto dos irmãos destas regiões testemunharem sobre sua conduta.

3) Como foi o início do seu ministério? (v. 3-5)

3.1) Chamado por Paulo

Timóteo havia sido escolhido por Deus, bem visto pela igreja e agora chamado por Paulo. Esse é o início de uma grande amizade e companheirismo entre Paulo e Timóteo.

3.2) Circuncidado por Paulo

Talvez esse é o ponto mais controverso de Paulo, pois a pouco tempo atrás o mesmo havia lutado contra essa prática, dizendo que a fé cristã era recebida pela fé em Cristo e não pela obediência à lei, agora Paulo circuncida Timóteo, a princípio caindo em contradição. Será que Paulo agiu como um hipócrita? A primeira vista sim, mas precisamos contextualizar sua ação, o mesmo não ensinou e reivindicou a obediência a lei, mas apenas circuncidou Timóteo como estratégia de evangelização, o que tempo mais tarde ele escreveu aos Coríntios que faria de tudo para ganhar os judeus (I Co 9.20). Timóteo era meio judeu e talvez pelo fato de não ser circuncidado o povo judeu não o receberia com bons olhos.

3.3) Contribuiu para o crescimento da Igreja

Paulo e Timóteo passavam pelas cidades levando a decisão (decreto), do concílio de Jerusalém, ou seja, Paulo não entra em contradição, pois não acredita que observar a lei e circuncidar é essencial para fé cristã, mas usa a circuncisão de Timóteo como estratégia para anunciar o decreto do concílio. Assim as igrejas começaram a crescer no momento que as barreiras foram removidas.

Timóteo foi um jovem de família disfuncional que foi chamado por Cristo para o ministério pastoral, seu modo de viver entre os irmãos era exemplar e seu início de ministério contribuiu para o crescimento do Reino de Deus.
Ele foi enviado para Corinto (I Co 16.10); Viajou com Paulo para Jerusalém, para levar a oferta levantada para os pobres daquela cidade (Atos 20.4-5); Acompanhou Paulo em Roma e ficou no tempo de prisão do apóstolo (Fp 1.1); Após o período do primeiro aprisionamento de Paulo, o mesmo deixou Timóteo em Éfeso. Timóteo foi o missionário e companheiro que Paulo mais recomendado para cuidar de alguma igreja, isso foi fruto da sua lealdade ( I Co 16.10; Fp 2.19 e I Tm 3.10).
Paulo chamava Timóteo de seu filho na fé e escreve a sua última carta ao jovem, rogando para o mesmo ser um servo fiel que lute pela fé cristã e sã doutrina.
Como é sua família? O que você tem ensinado para os seus? Você usa seus problemas familiares para deixar de servir a Deus?
Como é seu exemplo diante dos irmãos? As pessoas testemunham bem de você?

Como está seu ministério? Você tem acrescentado pessoas para Deus?

sábado, 5 de janeiro de 2013

O que devo buscar quando pratico a doação?


Por Leandro Louzada

Texto base: Mateus 6.1-4

Jesus começou o seu discurso no monte, descrevendo através das bem-aventuranças os elementos essenciais do caráter cristão, prosseguiu mostrando a influencia que os cristãos deveriam exercer no mundo, usando as metáforas do sal e luz, mostrau que a justiça do cristão deve superar a dos escribas e fariseus, ou seja, deve passar da aparência e penetrar no coração.
Jesus agora começa o capítulo 6, ensinando sobre a justiça e ele começa dizendo: “ Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens”.
Essa palavra (justiça) é a mesma usada em Mt 5.6 e 20, embora recebam significados diferentes em seus respectivos contextos, nos versos anteriores, citados acima, justiça aparece relacionada com a prática da bondade, amor, pureza e honestidade; agora, relaciona-se com esmola, oração e jejum, assim passa da justiça moral, para religiosa do cristão.
A tradução da BLH diz: “Cuidado! Não pratique seus deveres religiosos em público a fim de serem vistos pelos outros”.
John Stott diz: “A diferença essencial na religião como na moralidade é que a justiça cristã autentica não é uma simples manifestação, mas uma coisa escondida no coração”.
Jesus começa dizendo em primeira vista algo contraditório, ele diz: “Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles”. Mas no mesmo livro de Mateus 5.16, o mesmo Jesus diz: Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam...”.
E agora, como resolver esse problema, será que Jesus se contradisse?
Não! Basta olharmos o teor das suas afirmações, a primeira ele queria combater o pecado da omissão e na segunda o da ostentação. Como disse A.B. Bruce: “Uma é para mostrar quando tentamos esconder e a outra esconder quando tentamos mostrar”. Ambas devem glorificar o nome de Jesus Cristo. Não existe contradição no ensinamento de Jesus.
Jesus não está trazendo uma nova pratica religiosa, a oração, jejum e esmola eram práticas já realizadas pelos judeus, porém, Jesus ensina aos seus discípulos o por quê e como fazê-lo.
Hoje analisaremos a pratica da esmola:
O significado da palavra esmola é “um ato de misericórdia ou piedade”. Assim como Jesus é misericordioso, assim deve ser os cristãos!
Mas Jesus está preocupado não só com a prática da generosidade, contudo com a intenção da esmola, como enfatizou desde o inicio do sermão do monte, que o importante é a motivação do nosso coração.

Existem três possibilidades para prática da esmola:

·         Buscar louvor dos homens;
·         Buscar nosso louvor em silêncio;
·         Buscar aprovação de Deus.

A primeira possibilidade de dar esmola é:

1)      Buscar louvor dos homens

Os fariseus gostavam muito de receber louvor dos homens, Jesus disse: “Vós... aceitais glória uns dos outros... e contudo, não procurais a glória que vem de Deus” (João 5.44), e João comentou: “Amaram mais a glória dos homens, do que a glória de Deus” (João 12.43).
Eles saiam para entregar suas doações e a suas frentes haviam tocadores de trombetas chamando a atenção de todos que estavam em seus caminhos, usavam a desculpa de tocar a trombeta para avisar que a doação estava chegando, mas na verdade queriam os aplausos dos homens.
Nós cristãos não somos diferentes, quando doamos algo, não tocamos trombetas, mas muitas vezes exigimos que nossos nomes sejam mencionados ou colocados em uma lista de doadores, quando ajudamos alguém fazemos questão de divulgar para todos o meu ato de bondade. Muitas vezes usamos uma fantasia de piedosos apenas para ganhar aplausos e elogios do povo, santa hipocrisia que praticamos!

Existe uma segunda possibilidade de dar esmolas:

2)      Buscar nosso louvor em silêncio

Tendo condenado a prática da ostentação e busca do louvor, aplausos e elogios dos homens, Jesus passa a mostrar qual é a forma correta de dar esmolas.
“Tu porém, ao dares esmolas, ignore a tua esquerda o que faz a tua direita; para que a esmola fique em secreto.”
Não devemos contar aos outros sobre nossa contribuição e também para nós mesmos. Mas como não conto para mim mesmo? Não sendo autoconsciente da nossa esmola, pois isso rapidamente resultará em justiça própria, que transbordará um sentimento de autogratificação, ou seja, ficaremos pensando como somos pessoas bondosas, como somos melhores que muitas pessoas.  O propósito da esmola é aliviar o desespero do necessitado, retirar as cargas do oprimido, dar a mão para o caído. Quando praticamos a contribuição, quem deve ser beneficiado é o outro e não eu!
Não podemos ficar pensando no valor da minha contribuição, a dádiva cristã deve ser marcada pela abnegação e não autogratificação.

A terceira possibilidade para dar esmola é:

3)      Buscar a aprovação de Deus

Quando fazemos uma contribuição devemos fazer como Calvino disse, “ficar satisfeitos por termos a Deus como única testemunha”. Não podemos manter nossas ofertas escondidas de Deus, pois o “Pai que vê em secreto, te recompensará”.
Qual é a recompensa que o Pai celeste dá para aqueles que contribuem em secreto?
A recompensa não é a retribuição financeira, meu dinheiro não é multiplicado quando ajudo alguém, também não é a resolução de todos os meus problemas pessoais, nem tão pouco a cura de uma doença e também não é a abertura de uma porta de emprego. Porém, a recompensa para nossas esmolas é ver o alívio do necessitado, é ver um individuo e família sendo aliviados através da minha ajuda. Quando o faminto é alimentado, o nu é vestido, o doente é curado, o pobre aliviado, o perdido salvo, essa é a recompensa que Deus tem para nós.

Nossas dádivas não devem ser feitas diante dos homens, nem diante de nós mesmos, mas diante de Deus que vê o intimo do nosso coração e nos recompensará. Porque “mais bem-aventurado é dar do que receber” (Atos 20.35).

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

A autenticidade do apostolado de Pedro e o real objetivo dos milagres


Por Leandro Louzada

Texto Base: Atos 9.32-43

A conversão de Saulo de Tarso sai de cena e agora Lucas passa narrar as três histórias de Pedro, onde o tema principal é a conversão do gentio Cornélio ao cristianismo, ponto fundamental para compreendermos o início da evangelização dos gentios (não-judeus).
As três histórias de Pedro selecionadas por Lucas, citados por John Stott são:

·    A história de um milagre (Como Enéias foi curado e Tabita ressuscitada).
·    A história de uma conversão (Como Cornélio abraçou a fé).
·   A história de uma fuga (Como Pedro foi liberto da prisão e das más intenções de Herodes).

Essas histórias podem ser vistas, como um forma de confrontação com a doença e morte, alienação gentílica e tirania política. Mas podemos notar que cada conflito se resultou em uma vitória, Enéias foi curando, Tabita reviveu, Cornélio converteu-se e Pedro foi liberto da prisão.
Nesse estudo, abordaremos a cura de Enéias e a ressurreição de Tabita, veremos quais implicações e aplicações estes dois eventos tem  para a igreja de Cristo no século XXI.

1)      Pedro anunciava o Evangelho, mas também visitava os irmãos na fé (v.31-32).

O objetivo de Pedro não era somente pregar o evangelho, mas visitar os santos.

Em uma de suas viagens, Pedro se depara com dois acontecimentos, quando estava em Lida, que ficava cerca de 20km de Jope, ficou sabendo que naquela cidade habitava um homem chamado Enéias, que estava paralítico e jazia na cama há 8 anos e em Jope, cidade que localizava o porto mais perto de Jerusalém, morava uma mulher chamada Tabita, também conhecida por Dorcas, cujo significado do seu nome é gazela. O autor de Atos, descreve Tabita como um discípula, está era uma costureira, provavelmente produzia roupas íntimas, túnicas e vestimentas (v.39), para as pessoas necessitadas. Mas inesperadamente ela adoeceu e morreu.
Esses são os dois acontecimentos, enfermidade de Enéias e óbito de Tabita, diante disso, passaremos a observar:

2)      A autenticidade do apostolado de Pedro e o real objetivo dos milagres:

Pedro seguiu o exemplo de Jesus

Em ambos os casos Pedro fez aquilo que Cristo havia feito, observe o que Jesus disse ao paralítico de Cafarnaum: “Levanta-te, toma o teu leito e vai para casa (Marcos 2.11). E também o que ele disse a filha de Jairo: “Talita, levanta-te” (Marcos 5.41).
Comparando as duas falas de Jesus, diante destes dois milagres, podemos notar que Pedro com Enéias e Tabiba procede quase de forma idêntica a de Cristo.
Ser Cristão significa que devo imitar a Cristo, Paulo disse: “Seja meus imitadores como eu sou de Cristo”. Nosso dever não é agir da forma que acho ser a correta, porém da forma que a Palavra de Deus mostra que deve fazer. Pedro só fez aquilo que ele aprendeu, mas mais do que isso, Pedro fez aquilo que ele recebeu autoridade para fazer, quando Cristo chamou Pedro na beira do mar da galiléia (Mateus 5.1-11), ele disse que Pedro não pescaria mais peixe, porém homens, e na grande comissão Jesus entrega toda autoridade aos discípulos (Marcos 16.17).

Pedro agiu no poder de Jesus

Ambos os milagres foram operados pelo poder de Jesus Cristo. Pedro sabia que com suas palavras não venceria a enfermidade e a morte, por isso ele disse ao paralítico (v.34), Jesus Cristo te cura! E antes de dirigir-se a Tabita, ajoelhou e orou (v.40) e o próprio Pedro relatou, pois não havia ninguém no quarto de Tabita, pois o mesmo pediu que todos se retirassem.
Acho que isso tem faltado nas nossas igrejas e em nossa vivencia como Cristão, agir no poder de Jesus e colocar-se de joelhos em oração. A igreja de Cristo não é guiada pelo CNPJ de uma instituição, porém, pelos joelhos. Muitas coisas não acontecem em nosso meio por falta de oração, muitas coisas que acontecem e não deveria acontecer são resultados da ação humana e não divina.
Até quando vamos insistir em acharmos que temos o controle de tudo e podemos fazer tudo que quisermos?
Pedro agiu no poder de Jesus e se humilhou em oração aos pés de Jesus, para que o impossível acontecesse.

Pedro mostrou que os milagres são sinais da salvação de Jesus.

Por confiar no poder de Jesus, Pedro foi ousado e em ambos os milagres ele usou a expressão “Anastheti”, que significa: Levanta-te! Essa expressão é usada para demonstrar a ação de Deus na ressurreição de Jesus. Não que o fato foi o mesmo, pois ambos foram curados da enfermidade e morte, mas em determinado momento de suas existências eles morreram, porém Jesus está vivo. Mas essa expressão nos ensina que nós pecadores somos levantados dentre os mortos pelo poder da ressurreição.
Da mesma forma que Pedro disse para Tabita e Enéias, Anastheti, levanta-te e diz para nós pecadores, levanta-te da cama do pecado, da morte eterna e fique sarado, receba uma nova vida em Cristo Jesus.

Pedro mostra que os milagres resultam na glória de Deus.

Ambos os milagres resultaram na glória de Deus. Quando Enéias foi curado, “todos” os habitantes de Lida e Sarona se converteram ao Senhor (v.35). Todos como diz o reformador Calvino, não quer dizer todas as pessoas, porém todas as vezes que aparece essa palavra na Bíblia se refere a grandes multidões, muitas pessoas e a maioria.
Semelhantemente, quando Tabita foi ressuscitada, toda cidade de Jope ficou sabendo e isso resultou na conversão de muitas pessoas (v.42).
Os milagres devem redundar na glória de Deus. Hoje parece que é o inverso, os milagres são realizados para glória do homem, da igreja, da pessoa que recebe o milagre, muitas vezes até usam a expressão “para glória de Deus”, “o nome do Senhor seja glorificada”, mas em suas ações mostram o oposto. Quando isso acontece, como podemos observar no relato de Simão o mágico em Atos 8, os milagres não vem de Deus, por isso precisamos sempre lembrar nem todos os milagres vem de Deus.

Lucas mostra a autoridade de Pedro para operar milagres, mas faz algumas ressalvas:
·         Os milagres devem ser realizados no poder de Deus, sempre em continua oração;
·         Os milagres são sinais da salvação de Jesus;
·         Os milagres devem resultar na glória de Deus.
Agindo desta maneira seremos tremendamente usados por Deus e cumpriremos a sua vontade.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Os benefícios do perdão para minha família

Por Leandro Louzada
Carnegie Simpson disse: “O perdão, para o homem, é o mais claro dos deveres; para Deus é o mais profundo dos problemas”. Por isso, antes de analisarmos o poder do perdão, precisamos analisar a gravidade do pecado, pois se existe perdão é porque existe o pecado. John Stott no seu livro “A cruz de Cristo” diz que: Na Bíblia existem quatro princípios básicos que mostram a seriedade do pecado, são eles:

1)A gravidade do pecado;
2)A responsabilidade moral do homem;
3)A culpa verdadeira e falsa;
4)A ira de Deus.

 O pecado é a transgressão da lei de Deus, mesmo o homem tendo uma natureza pecaminosa ocasionada pela herança de Adão, somos moralmente culpados por nossos atos, com isso Deus sendo santo e puro não pode se relacionar conosco, a sujeira dos nossos pecados nos separam de Deus, por causa disso Deus não pode tolerar os nossos pecados, sua santidade não permite isso, e por causa disso Ele se ira contra todo tipo de atitude pecaminosa, não uma ira como a nossa, de raiva e descontrole, porém uma ira de repulsão a tudo aquilo que o ofende e transgride suas leis. Diante desta situação gravíssima que se encontrava o ser humano, Deus envia o seu próprio filho, Jesus Cristo, para morrer na cruz por nós, para expressar seu eterno amor e justiça, Cristo morre por amor a todos nós e para levar sobre si de uma vez por todas a ira de Deus por nossos pecados. Através de Cristo temos o perdão dos nossos pecados, um justo morreu pelos injustos, somos justificados, nos tornamos santos e irrepreensíveis diante de Deus, através da morte de Jesus Cristo, temos livre acesso a Deus, podemos orar e ter a certeza de ser ouvido, através também da morte de Cristo, temos a garantia da vida eterna, por causa do sacrifício de Cristo. “O castigo que nos trás a paz estava sobre ele e sobre suas pisaduras somos sarados” (Isaias 53). Deus nos perdoou e por causa disso temos o dever de perdoar nossos irmãos. Nosso perdão diante do perdão e sacrifício de Jesus e imensurável. Assim como Cristo deu a vida por nós, devemos dar as nossas vidas aos nossos semelhantes (1 João 3.16). Muitas famílias não vivem diariamente o poder do perdão porque ainda não compreenderam o sacrifico de Jesus Cristo na cruz. Mas hoje todos nós e todas as famílias presentes poderemos viver o perdão de Deus e liberar o perdão uns aos outros. Na oração do pai nosso Jesus diz que somos perdoados por Deus se perdoarmos uns as outros, na parábola do servo incompassível expressa a mesma linha de raciocínio.

 Vejamos então quais são os benefícios do perdão para nossa família:

1)O perdão resgata o diálogo no lar (Lucas 17.3) Jesus logo após exortar seus discípulos sobre a gravidade dos escândalos os orienta a como praticar o ato de perdoar.

1.1)Os problemas virão Jesus sabia que os problemas de relacionamento viriam, e por causa disso ele oriente seus discípulos a repreender aquele que cometesse algum erro contra um deles. Sempre haverá problemas de relacionamento nas famílias. Não é praga, porém uma realidade, assim como Jesus disse que era inevitável o escândalo. O segredo é como nós enfrentaremos os problemas. Quando vem os problemas muitas vezes:

•Gritamos e xingamos uns aos outros;
•Agimos com a síndrome da Adão e Eva;
•Ficamos calados e engolimos tudo até explodir;
•Jogamos tudo para o alto, agimos pela emoção do momento;
•Saímos contando pra todo mundo o que aconteceu, principalmente para meus parentes;
•Falta de humildade, o orgulho e a arrogância.

 1.2)Como estamos agindo diante dos problemas que enfrentamos em nossos lares? Jesus orientou seus discípulos a repreenderem (censurar com intensidade), ou seja, procurar resolver os problemas com quem sofreu e causou a falta. Repreender não é sinônimo de xingar ou brigar, mas de esclarecer onde foi que originou o problema cometido pelo outro, dialogar para chegar no fator comum. O primeiro beneficio do perdão é que ele resgata o dialogo no meu lar, mas também:

2)Restaura os laços desfeitos (Lucas 17.3b) O perdão resgata o diálogo no lar, sendo assim, com o resultado da conversa, branda que desviará o furor, os laços serão restabelecidos.

2.1) O pecado confessado e perdoado, restaura os laços desfeitos Jesus orienta seus discípulos a repreenderem, usar o dialogo para resolver os problemas, o resultado positivo desta conversa, gerará arrependimento e perdão. Colocando os pingos nos “is”, resolvendo as questões, o culpado confessando ser culpado, o lesado perdoando suas dívidas, os laços familiares são refeitos, as mágoas são jogadas para o lago do esquecimento, o ódio, a ira e rancor, são substituídos, pela paz, alegria, amor e perdão.

2.2) Porque muitos laços familiares estão desfeitos? Mesmo usando o dialogo, muitas vezes não é resolvido as pendências, o culpado não confessa ser culpado e o inocente não libera o perdão. Uma família com laços desfeitos será uma presa fácil para o diabo destruí-la por completa. Perdão significa perder e muitas vezes nosso orgulho não deixa isso acontecer, batemos o pé e queremos vingar, pagar na mesma moeda, ao invés de dialogar e perdoar. Quais são os laços familiares que estão desfeitos que hoje você tem a consciência que precisam ser refeitos? Qual familiar seu que você precisa liberar o perdão pra ele ou que você precisa confessar que falhou com ele? Qual atitude você vai tomar, dialogar e confessar ou distanciar e desprezar? Quais são os benefícios que o perdão trás para nosso lar? O resgate do dialogo nos nossos lares e a restauração dos laços desfeitos e por fim.

3)Quando confesso meus pecados, tenho minha vida curada (Tiago 5.16). Tiago afirma na sua carta que a confissão dos pecados gera cura para o meu corpo e para minha alma.

3.1) O poder terapêutico do perdão Quando confessamos nossos pecados uns aos outros, retiramos um fardo sobre nós. Isso que Tiago quis dizer, muitas pessoas estão doentes da alma e do corpo, porque estão presas nas marcas do passado.
Talvez nesta noite existam:
•Esposas ou maridos que foram traídos;
•Filhos que foram abandonados;
•Avós que foram esquecidos;
•Irmãos que se odeiam;
•Cunhados que não se olham.

 E isso tem causado sérios problemas, gastrites emocionais, problema de depressão, insônia, taque, cardíaco, caspa, sonolência, falta de atenção, incapacidade de memorização, suor nas mãos e pés, crise de identidade, baixa auto-estima, vicio em drogas e bebida, vicio na pornografia, desejo por sexo compulsivo, falta de confiança nas pessoas, e por fim, falta de comunhão com Jesus e a igreja. “Quando não perdoamos, é como beber um copo de veneno e quiser que o outro morra”.

3.2) Qual atitude vou tomar? Ficar sofrendo pela dureza do meu coração, ou perdoar os meus devedores assim como Deus me perdoou? Volto agora ao inicio do meu sermão, vimos que o sacrifício de Jesus na cruz, foi para nos perdoar de todas as dividas que tínhamos com Deus. Agora te pergunto, será que as dividas dos meus familiares são maiores do que as minhas contra Deus? Porque Deus me perdoa e não posso perdoar meus familiares? Você pode responder, porque ele é Deus e eu não! Mas a Bíblia diz que assim como Deus me amou e perdoou, devo amar e perdoar os meus irmãos! Os benefícios do perdão são o resgate do dialogo no meu lar, a restauração dos laços desfeitos e a cura do meu corpo e minha alma.

Existem pessoas que precisam lutar por suas famílias, restabelecer os laços o diálogo no seu lar, restaurar os laços desfeitos, assim receberão de Deus a cura para suas almas e corpo, seus lares então serão abençoados por Deus. Como vocês conseguiram isso, confessando seus pecados a Deus e uns aos outros, perdoando o pecado uns dos outros e sendo perdoados, (Veja em LUCAS 17.4), lembrando que esse processo deverá ser diário porque certamente nos lares sempre haverão problemas de relacionamento, mas se vocês perdoarem uns aos outros vocês viverão todos os dias o poder do perdão de Deus em seus lares. Amém, Deus nós abençoe!!!

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

As igrejas devem convidar as pessoas a virem à frente?

Por Jonathan Leeman

Pergunta: “Venho de um contexto avivalista e estou cansado de convites para que pessoas venham à frente e de convites manipuladores. No entanto, meu desejo não é deixar as igrejas mergulhadas nesta tradição, e sim continuar ministrando com uma teologia de conversão mais forte.

Como aluno de seminário, tenho oportunidades de pregar em igrejas onde é costume fazer um convite no final da mensagem. Sinto-me frequentemente inseguro e intranquilo em relação à maneira de terminar uma mensagem, não querendo cometer os erros comuns ao avivalismo, sem, ao mesmo tempo, ofender desnecessariamente.

Vocês poderiam me oferecer alguns princípios para reter uma forte teologia de conversão, quando termino cultos de igrejas acostumadas com convites públicos?”

Resposta:

Antes de eu chegar, os pastores anteriores sempre fizeram convites para pessoas virem à frente. Estava em meu primeiro mês de um pastorado interino, e as pessoas começaram a me perguntar se eu faria convites ou não. Recordo uma conversa que tive com um irmão querido – um bom amigo até hoje – durante uma longa carona. A conversa foi dedicada a este assunto.

Eu disse a este irmão e aos demais presbíteros que eu não faria convites para pessoas virem à frente. Por que não?

Por que eu penso que isso é errado? Não, acho que um pastor é livre para fazer um desses convites. Não é pecado.

Por que não creio que as pessoas têm de fazer uma decisão por Cristo? Não, acho que as pessoas têm de decidir arrepender-se e crer para serem salvas.

Por que eu não acho que Jesus nos chama a fazer uma confissão pública? Não, as pessoas têm de confessar publicamente a sua fé. Foi por isso que Jesus instituiu o batismo.

Por que eu acho que convidar pecadores ao arrependimento é inerentemente manipulador? Não, creio que os pregadores devem convidar, por meio dosseus sermões, os não cristãos a se arrependerem e crerem. E fiz isso durante o pastorado interino e o fiz no último domingo, quando preguei como pastor convidado em outro igreja. No meio do sermão, convidei com bastante clareza os não cristãos a se arrependerem e crerem; e lhes disse que falassem comigo depois do culto, ou com o pastor, ou com outro amigo cristão que os trouxera à igreja.

Então, por que não convido pessoas a virem à frente? Em resumo, eu creio que esta prática criada pelo homem, esta inovação procedente do século XIX tem causado mais mal do que bem às igrejas cristãs no Ocidente. O convite para vir à frente confia nos poderes das emoções, na persuasão retórica e na pressão social para induzir as pessoas a uma decisão apressada e prematura. E produzir profissões não é o mesmo que fazer discípulos. Certamente, diversos fatores são responsáveis pela existência de muitos cristãos nominais que caracterizam o cristianismo no Ocidente, mas eu creio que o convite para vir à frente é um desses fatores.

Quantas pessoas, no último século, vieram à frente e passaram o resto de sua vida convencidas de que eram cristãs, sem jamais se importarem com sua maneira de viver!

A alternativa para o convite de vir à frente é perseverarmos nas práticas que vemos exemplificadas nas Escrituras:

1º Durante o sermão, convide as pessoas a se arrependerem e serem batizadas, como Pedro o fez em Jerusalém (At 2.38). Mas, quando você fizer isso, não fique em pé no púlpito, esperando com música carregada de emoção, fitando as pessoas até que elas cedam. Pelo contrário, faça várias sugestões a respeito de como e onde conversar mais sobre o assunto.

2º Pergunte às pessoas o que elas creem quando se apresentam para pedir o batismo, como Jesus se assegurou de que os discípulos soubessem quem ele era (Mt 16.13-17; também 1 Jo 4.1-3).

3º Tenha certeza de que as pessoas entendem o que está envolvido em seguir a Jesus (Mt 16.24, 25; Jo 6.53-60).

4º Explique-lhes que os frutos produzidos em sua vida e a perseverança até ao fim indicarão se elas creem verdadeiramente ou não (Mt 7.24, 25; 10.22).

5º Você pode até explicar que Jesus mandou a igreja remover de sua comunhão pessoas cuja vida não se harmoniza com o que elas professam crer (Mt 18.15-17).

Sim, oremos muito por conversões. Mas, depois, façamos tudo que a Escritura exige de nós na obra de fazer discípulos – uma obra que, geralmente, exige muito ensino, muito tempo, muitos convites, muitas refeições juntos e, por fim, o compromisso de todo o corpo da igreja.

Jonathan Leeman é o diretor editorial do ministério 9 Marcas. Ele é o autor deThe Church and the Surprising Offense of God’s Love (lançamento previsto para Maio 2012 pela Fiel). Leeman será um dos preletores do quarto módulo do Curso Fiel de Liderança – CFL em 27 de outubro de 2012

Fonte: Blog da editora fiel

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

4 marcas de uma Igreja Viva

Por Leandro Louzada

Sermão pregado na Primeira Igreja Batista no Caiçara - BH, no encontro de confraternização da ABU-BH (Aliança Bíblica Universitária) e gratidão pela Terceira semana do Cristianismo.

Texto base: Atos 2.42-47

Introdução:

O NT nos mostra que o comprometimento do Cristão deve ser com o corpo de Cristo, analogia usada por Paulo, referindo-se a Igreja. O desejo de Jesus, não chamar indivíduos para viverem com Ele isoladamente, mas um povo para si, para edificar a sua Igreja. Como o mesmo Paulo falou a Tito sobre o sacrifício de Cristo assim: “o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniqüidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras”.Atos foi escrito por Lucas, que não era discípulo, porem fez uma pesquisa minuciosa sobre a vida de Jesus e sobre o surgimento da igreja, o interessante que no livro de atos, Lucas não apenas conta os fatos, mas em determinado momento ela participa dos fatos. O livro foi escrito a pedido de Teófilo, alguns dizem que era uma pessoa, outros que era para os amigos de Deus, mas prefiro ficar com uma pessoa.No capitulo 1 Lucas mostra que Jesus subiu aos céus, mas prometeu enviar o ES, e este daria poder aos discípulos de evangelizarem toda terra. No capítulo 2 relata a descida do ES no dia de pentecoste, (uma festa que acontecia sete semanas depois da páscoa e iniciava no domingo), um evento histórico e missionário. Pedro faz seu primeiro discurso onde três mil pessoas foram alcançadas por Jesus. Logo em seguida vem o relato de como vivia a igreja que acabará de nascer.A Igreja primitiva, a qual recebeu o ES no dia de pentecostes nos mostra quais são as marcas de uma Igreja viva. Antes de entrarmos nas marcas, precisamos lembrar que a Igreja primitiva era uma Igreja cheia de problemas, como hipocrisia, rivalidade, imoralidade e as heresias perturbavam a Igreja, assim como a Igreja do século XXI.Porém a Igreja primitiva mesmo diante de tantos problemas era profundamente guiada e inspirada pelo Espírito Santo.Existiam 4 marcas na Igreja primitiva que a tornava uma igreja viva. Por isso quero compartilhar com vocês as 4 marcas de uma Igreja viva, são elas:

1) Dedicação no ensino

“Eles se dedicavam no ensino dos apóstolos” – Atos 2.42
John Stott referindo a este texto disse: “O Espírito Santo , por assim dizer, abriu uma escola em Jerusalém naquele dia. Seus professores eram os apóstolos, indicados e treinados por Jesus. E havia três mil alunos no jardim de infância”.
1.1) A conversão não despreza o intelecto
Os salvos não acharam que porque receberam o Espírito Santo, somente Ele iria ensiná-los, porém eles se assentaram aos pés dos apóstolos para aprenderem tudo que podiam.
1.2) O ensino deve ser o dos apóstolosComo seguir o ensino dos apóstolos se hoje não existe mais apóstolos?
Essa resposta é muito simples, o ensino dos apóstolos é o ensino de Jesus que está nos quatro evangelhos e posteriormente nos livros seguintes que compõem o Novo Testamento. Ensino que não desprezava o AT, porém, mostrava que a sua mensagem foi cumprida em Jesus Cristo.
1.3) Como está seu estudo da Palavra e como você tem ensinado a Palavra?
Nas igrejas existem muitos analfabetos Bíblicos. O grande problema está no discipulado das igrejas, as pessoas são chamadas para a salvação, fazem uma oração de “aceitação de Jesus”, batizadas e depois disso não recebem um acompanhamento. Não são ensinadas as bases da fé: Quem é Deus, o pecado, homem, a igreja, Jesus, Espírito Santo, trindade, salvação, os fins dos tempos. O que falta na Igreja Evangélica Brasileira é o cumprimento da ordem de Jesus: "Vão e façam discipulos de todas as nações... (Mt 28.19).
Precisamos com urgência estudarmos a Bíblia, não adianta ler sem entender, por isso precisamos de literaturas que nos ajudaram a compreender os textos Bíblicos. Leia John Stott, John Piper, Calvino, Paul Washer, Hernandes Dias Lopes, C.H.Spurgeon, C.S.Lewis, Phillip Yancey, Russel Shedd…
A falta de prepare Bíblico é o resultado de pregações superficiais do Evangelho, juntamente com péssima produção literária e musical. Essa semana ouvi uma música que dizia: Gostar de mim, gostar de mim, eu vou fazer de tudo pra Jesus gostar de mim. Uma música totalmente anti-bíblica, pois nós amamos a Deus porque Ele nos amou primeiro. Yancey disse que "não a nada que possamos fazer para Jesus nos amar mais e não a nada que deixemos de fazer para Jesus nos amar menos".
As universidades foram criadas para preparação teológica dos pastores. Oxford, Cambrigde, Paris, Bolonha, Manchester, Princeton, Havard...
Jesus disse aos fariseus: Errais pois não conhecem as Escrituras nem o poder de Deus e mais o povo perece por falta de conhecimento.Existem salvos que não estudam a Palavra de Deus, por displicência ou por não ter quem ensine. E outros ensinam, mas um outro evangelho que veio de homens ou anjos, menos de Deus. Leia depois: Jeremias 23.21-40

FT: A dedicação do ensino dos apóstolos é a primeira marca de uma Igreja Viva, a segunda é:

2) A comunhão

Essa é uma palavra grega famosa, KOINONIA, ela dá testemunho de duas verdades: a comunhão interior e a exterior.
2.1) A comunhão interior
A comunhão interior só pode ser obtida mediante a graça de Deus, Deus vem e passa habitar em nós. João disse: “Nossa comunhão é com o Pai, e com o seu Filho Jesus” (1 Jo 1.3) e o apóstolo Paulo acrescentou: “E a comunhão com o Espírito Santo” (2Co 13.14). Nossa comunhão interior é uma comunhão trinitária. Nós podemos estarmos separados na nacionalidade, etnia, cultura, raça, gênero e idade, mas estamos unidos pelo mesmo Pai, Filho e Espírito Santo. Nossa participação comum na sua graça que nos faz um.
2.2) A comunhão exterior
Lucas quis enfatizar este sentido da palavra KOINONIA, ele diz: “Os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum. Vendendo suas propriedades e bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade” (Atos 2.44-45).Os primeiros Cristãos amavam uns aos outros, não é surpresa pois o primeiro fruto de espírito é o amor. Eles vendiam e dividiam seus bens uns com os outros, não existia pessoas passando necessidades, uns supriam os outros.A Igreja cheia do Espírito Santo de Deus é uma Igreja generosa. A generosidade sempre foi uma marca do povo de Deus.
2.3) Como está a minha comunhão com Deus e com o próximo?
Tenho vivenciado uma plena comunhão com a trindade? Como está minha generosidade, tenho ajudado os irmãos que necessitam?
A teologia da prosperidade acabou com a comunhão nas igrejas, pois ela exalta o individuo e não o corpo de Cristo. Pessoas vão a igreja para receber a sua benção e não desfrutar a comunhão com Deus e o próximo. Uma outra coisa que precisamos lembrar é que pessoas que estão ou não vinculadas em alguma religião, fazem doações para ajudar os necessitados, ou seja, não precisa ser cristão para ajudar alguém. Mas existe uma diferença gigantesca na contribuição cristã, quando um cristão contribui ele faz para a glorificação do nome de Deus e não para receber elogios como: “Nossa que homem piedoso e bom”. A contribuição também não deve ser feita por obrigação, como muitos empresários fazem para pagar menos impostos ou por causa da persuasão de alguém.
A chave da contribuição está em II Co 9.7 que diz: Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria.E essa contribuição é para glória do nome de Deus.
Uma agencia missionária fez uma pesquisa sobre quanto cada cristão investe em missões por ano, o resultado foi R$ 1,50.
Hebreus 13.16 diz: “Não se esqueça de fazer o bem e de repartir com os outros o que vocês têm, pois de tais sacrifícios Deus agrada”

FT: A dedicação do ensino dos apóstolos é a primeira marca de uma Igreja Viva, a segunda é a comunhão, a terceira marca é:

3)A adoração

"Eles se dedicavam... ao partir do pão e às orações” (Atos 2.42).O partir do pão é uma clara alusão a ceia do Senhor, seguidamente de uma refeição comunitária e as orações é um alusão aos cultos e reuniões de oração. A adoração da Igreja primitiva se relacionava em dois aspectos, adoração formal e informal.
3.1) Adoração formal (V.46)
Os primeiros Cristãos não abandonaram de imediato a igreja institucional, eles ansiavam por reformá-la com o evangelho.
3.2) Adoração informal
Eles também se reuniam nas casas, fazendo cultos informais, cultos domésticos, grupos de comunhão.
3.3) Como estão os nossos cultos? São feitos para adoração a Deus ou ao homem? Estamos nos reunindo informalmente em nossas casas ou grupos de comunhão?
John Piper disse que a missão da igreja é a adoração e por causa disso existe a evangelização. A missão de todos os indivíduos é glorificar o nome de Jesus Cristo.
Hoje vemos o contrario, pastores são glorificados e se alto glorificam, a liturgia do culto é totalmente voltada para o individuo, com campanhas, orações de curas e milagres, entrega dos dízimos e ofertas como forma de retribuição financeira, músicas na primeira pessoa do singular. Um antropocentrismo diabólico. Alguns meses atrás comecei a reparar a forma como lideres e liderados tratam as pessoas dentro da igreja formal, e fiquei espantado, escrevi algumas atitudes não cristãs que afastam as pessoas da igreja, pois descentraliza o culto a Deus à pessoa do líder, são elas:
1º Chame a atenção das pessoas na frente da igreja, si possível use o microfone;
2º Trate-as com indiferença, agride-as com palavras;
3º Centralize a atenção das pessoas no pastor;
4º Não ande no meio do povo;
5º Exponha publicamente os problemas das pessoas da igreja;
6º Fique indiferente na celebração do culto;
7º Pregue aquilo que você não vive;
8º Não valorize as pessoas.
Todos estes itens definem a má compreensão do que é prestar um culto a Deus. Mais ou menos o que a igreja de Corinto estava fazendo com Paulo e Apolo. Por isso que Paulo diz em 1Co 4.1, que eles são apenas ministros de Cristo e despenseiros dos mistério de Deus. Uperetas e oikosnomos. Aquele que leva o livro da lei e mordomos de Deus. O pastor e doutor Franklin Ferreira, disse que precisamos priorizar a celebração do culto, com uma boa palavra e louvor, pois o culto é o ensaio do que irá acontecer no céu. Nós vamos adorar o Senhor continuamente.Mas não só no culto formal devemos adorá-lo, a nossa vida deve ser de adoração, precisamos entender que tudo que fazemos tem que ser para glória de Deus.

FT: A dedicação do ensino dos apóstolos é a primeira marca de uma Igreja Viva, a segunda é a comunhão, a terceira é a adoração e a quarta é:

4)A evangelização

"E o Senhor lhes acrescentava diariamente aqueles que iam sendo salvos” (Atos 2.47).Até agora vimos 3 marcas que estão relacionadas ao interior da igreja, e não nos diz nada sobre a proclamação do Evangelho ao mundo. Mas a igreja primitiva estava completamente comprometida com missões. Este texto nos ensina três aspectos da evangelização da igreja primitiva:
4.1) O Senhor estava comprometido na prática do evangelismo
“O Senhor ia acrescentando...
4.2) A salvação está ligada a filiação a Igreja
“os que iam sendo salvos...
4.3) O Evangelismo não ocasional, mas diário
Dia após dia os salvos eram acrescentados.Os cristãos ainda não conseguiram compreender o que é evangelismo, existem diversos cursos para ensinar como evangelizar, as 4 leis espirituais, o plano de salvação, a entrega do folheto no ônibus. Uma coisa que sempre me deixou irritado foi que quando participava de um grupo de evangelismo, nós saiamos pelas ruas pregando e pessoas se convertiam, muitas vezes eram forçadas a isso, fazendo aquela conhecida oração de entrega, que nada mais é que a substituição da soberania de Deus, pela imposição humana. Mas as que eram de fato chamadas por Deus, nunca mais eram vistas por nós, ou seja, a idéia de evangelismo era pregar, fazer oração de entrega e a pessoa se virava para arrumar uma igreja.O texto diz que os que iam sendo salvos eram acrescentados, ou seja, o evangelismo está ligado com a integração dos marginalizados no Reino de Deus.John Piper expondo o texto de Romanos 10.13-15, disse que a salvação está ligada a cinco pontos:
1° Invocar a Cristo;
2° Crer nele;
3° Ouvir o Evangelho;
4° Alguém que pregue a Cristo;
5° Deus enviar o pregador.

Resumo aplicativo: A dedicação do ensino dos apóstolos é a primeira marca de uma Igreja Viva, a segunda é a comunhão, a terceira é a adoração e a quarta é a evangelização.

Conclusão: Esta era uma Igreja avivada pelo ES, e por causa disso ela tinha estas 4 marcas. Hoje nós buscamos muito o avivamento, mas não conseguimos compreender o que é, Lucas nos ensina através deste pequeno texto o que é um verdadeiro avivamento. Não marcado no calendário, mas vindo genuinamente de Deus e quando vem muda por completo as pessoas e suas comunidades.
A igreja não é:
a) A igreja não é um clube, onde cada um paga sua mensalidade e vive isoladamente;
b) A igreja não é um abrigo de salvos, onde cada um busca os seus próprios interesses;
c) A igreja não é uma prestadora de serviços, onde só a procuro para atender minhas necessidades;
d) A igreja não é um supermercado, onde eu vou procurar aquilo que eu gosto;
e) A igreja não é uma casa de shows, onde sou apenas um espectador;
F) A igreja é uma família, onde temos o mesmo Pai, Filho e Espírito Santo e somos todos irmãos. Uma comunidade que ensina a Palavra de Deus, que supre as necessidades dos irmãos, que pratica a adoração no templo e no dia-a- dia e que evangeliza Biblicamente.
O ensino, a comunhão, a adoração e o evangelismo são todos feitos para glória de Deus. Que todos vocês continuem como uma igreja viva nas suas universidades, igrejas, família e no meio dos amigos, pois assim vocês verdadeiramente estarão glorificando o nome de Deus.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Evangelho e cultura

Por Leandro Louzada

A missão cristã sempre se realiza em um contexto sócio-cultural específico. O primeiro grande movimento missionário da Igreja Cristã foi o iniciado por Barnabé e Paulo (Atos 13,1ss) e se pode perceber as tensões e conflitos decorrentes do anúncio do Evangelho às diversas culturas gentílicas do mundo romano da época.
No segundo século da era cristã, o confronto entre o Evangelho e a cultura greco-romana predominante ocasiona o surgimento de teólogos e líderes eclesiásticos que se esforçam por tornar a mensagem do Evangelho significativa em seus contextos, ao mesmo tempo em que lutam para não perder a fidelidade ao conteúdo da revelação divina. E assim, durante toda a história da Igreja encontramos a tensão entre: Evangelho, Igrejas e Cultura, especialmente manifesta nas formas de Cristandade assumidas pelas Igrejas Cristãs.
Diante dessa realidade histórica, uma tarefa fundamental da Teologia da Missão é posicionar-se a respeito das relações entre Evangelho e Cultura.
O Evangelho não é uma cultura, mas um conjunto de formas simbólicas originariamente construído através de um processo histórico em que Deus se revela à humanidade, no âmbito da sociedade e cultura judaicas, culminando no evento-Cristo, e que tem se difundido a inúmeras outras culturas e sociedades na história humana. Desta forma, percebemos que o Evangelho possui uma dimensão transcendental e uma contextual, que são inseparáveis.
O Evangelho é transcendência encarnada em uma cultura específica, e se difunde a todos os povos e culturas preservando esse caráter de transcendência encarnada, o Evangelho não se conforma a nenhuma cultura em particular, mas faz sua casa em todas elas.
Como conjunto de formas simbólicas, o Evangelho é encontrado primariamente nas Escrituras Cristãs do Antigo e Novo Testamentos e, secundariamente, nas ações, gestos, rituais, símbolos e teologias da Igreja Cristã no decorrer da
história. Na medida em que a Palavra de Deus se encarna na igreja, o evangelho toma forma na cultura.
Tendo em vista que a encarnação do Evangelho somente ocorre mediante o agir da Igreja, é necessário reconhecer que o ápice da expansão missionária
das diferentes Igrejas Cristãs européias – e posteriormente as norte-americanas – ocorreu durante o avanço do colonialismo ocidental norte-atlântico. As igrejas fundadas pelo movimento missionário norte-atlântico do século XIX, nasceram nessa situação de não-contextualização. O movimento missionário, na avaliação de Mendonça e Velasques, estava dividido entre uma corrente “calvinista” que investia na educação juntamente com a evangelização, e que acalentava “a idéia de que a cultura protestante, fluindo através da educação, acabaria por transformar a sociedade para melhor e inserí-la no corpus christianum”. A teologia conversionista missionária consistia num processo diferente de mudança cultural. “A conversão era individual e consistia no rompimento abrupto do indivíduo com seu meio cultural através da adoção de novos padrões de conduta opostos àqueles em que havia sido criado.” Visa, isto sim, destacar a delicada situação em que se encontram as Igrejas evangélicas brasileiras, no tocante à relação entre Evangelho e Cultura, especialmente neste importante período de crescimento da visão e prática de missões transculturais.
Dessa forma, para o movimento missionário brasileiro, a questão da relação Missão e Contexto se apresenta como um desafio teológico, missiológico e missionário de magnitude.
O evangelho deve ser anunciado em todas as culturas, mas o anuncio do evangelho não deve resultar na mudança da cultura de determinado lugar. A pregação precisa ser contextualizada, respeitando o meio pelo qual esta sendo anunciada. Por exemplo, não posso chegar em uma tribo indígena, pregar o evangelho e como resultado da minha pregação exigir que todas as mulheres daquele lugar, coloquem sutiã e blusa. O evangelho tem que gerar uma mudança de pensamento, uma renovação de valores éticos e não culturais.

Resenha do artigo "Evangelho e cultura", do doutor em teologia Júlio Zabatiero.