sábado, 5 de janeiro de 2013

O que devo buscar quando pratico a doação?


Por Leandro Louzada

Texto base: Mateus 6.1-4

Jesus começou o seu discurso no monte, descrevendo através das bem-aventuranças os elementos essenciais do caráter cristão, prosseguiu mostrando a influencia que os cristãos deveriam exercer no mundo, usando as metáforas do sal e luz, mostrau que a justiça do cristão deve superar a dos escribas e fariseus, ou seja, deve passar da aparência e penetrar no coração.
Jesus agora começa o capítulo 6, ensinando sobre a justiça e ele começa dizendo: “ Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens”.
Essa palavra (justiça) é a mesma usada em Mt 5.6 e 20, embora recebam significados diferentes em seus respectivos contextos, nos versos anteriores, citados acima, justiça aparece relacionada com a prática da bondade, amor, pureza e honestidade; agora, relaciona-se com esmola, oração e jejum, assim passa da justiça moral, para religiosa do cristão.
A tradução da BLH diz: “Cuidado! Não pratique seus deveres religiosos em público a fim de serem vistos pelos outros”.
John Stott diz: “A diferença essencial na religião como na moralidade é que a justiça cristã autentica não é uma simples manifestação, mas uma coisa escondida no coração”.
Jesus começa dizendo em primeira vista algo contraditório, ele diz: “Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles”. Mas no mesmo livro de Mateus 5.16, o mesmo Jesus diz: Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam...”.
E agora, como resolver esse problema, será que Jesus se contradisse?
Não! Basta olharmos o teor das suas afirmações, a primeira ele queria combater o pecado da omissão e na segunda o da ostentação. Como disse A.B. Bruce: “Uma é para mostrar quando tentamos esconder e a outra esconder quando tentamos mostrar”. Ambas devem glorificar o nome de Jesus Cristo. Não existe contradição no ensinamento de Jesus.
Jesus não está trazendo uma nova pratica religiosa, a oração, jejum e esmola eram práticas já realizadas pelos judeus, porém, Jesus ensina aos seus discípulos o por quê e como fazê-lo.
Hoje analisaremos a pratica da esmola:
O significado da palavra esmola é “um ato de misericórdia ou piedade”. Assim como Jesus é misericordioso, assim deve ser os cristãos!
Mas Jesus está preocupado não só com a prática da generosidade, contudo com a intenção da esmola, como enfatizou desde o inicio do sermão do monte, que o importante é a motivação do nosso coração.

Existem três possibilidades para prática da esmola:

·         Buscar louvor dos homens;
·         Buscar nosso louvor em silêncio;
·         Buscar aprovação de Deus.

A primeira possibilidade de dar esmola é:

1)      Buscar louvor dos homens

Os fariseus gostavam muito de receber louvor dos homens, Jesus disse: “Vós... aceitais glória uns dos outros... e contudo, não procurais a glória que vem de Deus” (João 5.44), e João comentou: “Amaram mais a glória dos homens, do que a glória de Deus” (João 12.43).
Eles saiam para entregar suas doações e a suas frentes haviam tocadores de trombetas chamando a atenção de todos que estavam em seus caminhos, usavam a desculpa de tocar a trombeta para avisar que a doação estava chegando, mas na verdade queriam os aplausos dos homens.
Nós cristãos não somos diferentes, quando doamos algo, não tocamos trombetas, mas muitas vezes exigimos que nossos nomes sejam mencionados ou colocados em uma lista de doadores, quando ajudamos alguém fazemos questão de divulgar para todos o meu ato de bondade. Muitas vezes usamos uma fantasia de piedosos apenas para ganhar aplausos e elogios do povo, santa hipocrisia que praticamos!

Existe uma segunda possibilidade de dar esmolas:

2)      Buscar nosso louvor em silêncio

Tendo condenado a prática da ostentação e busca do louvor, aplausos e elogios dos homens, Jesus passa a mostrar qual é a forma correta de dar esmolas.
“Tu porém, ao dares esmolas, ignore a tua esquerda o que faz a tua direita; para que a esmola fique em secreto.”
Não devemos contar aos outros sobre nossa contribuição e também para nós mesmos. Mas como não conto para mim mesmo? Não sendo autoconsciente da nossa esmola, pois isso rapidamente resultará em justiça própria, que transbordará um sentimento de autogratificação, ou seja, ficaremos pensando como somos pessoas bondosas, como somos melhores que muitas pessoas.  O propósito da esmola é aliviar o desespero do necessitado, retirar as cargas do oprimido, dar a mão para o caído. Quando praticamos a contribuição, quem deve ser beneficiado é o outro e não eu!
Não podemos ficar pensando no valor da minha contribuição, a dádiva cristã deve ser marcada pela abnegação e não autogratificação.

A terceira possibilidade para dar esmola é:

3)      Buscar a aprovação de Deus

Quando fazemos uma contribuição devemos fazer como Calvino disse, “ficar satisfeitos por termos a Deus como única testemunha”. Não podemos manter nossas ofertas escondidas de Deus, pois o “Pai que vê em secreto, te recompensará”.
Qual é a recompensa que o Pai celeste dá para aqueles que contribuem em secreto?
A recompensa não é a retribuição financeira, meu dinheiro não é multiplicado quando ajudo alguém, também não é a resolução de todos os meus problemas pessoais, nem tão pouco a cura de uma doença e também não é a abertura de uma porta de emprego. Porém, a recompensa para nossas esmolas é ver o alívio do necessitado, é ver um individuo e família sendo aliviados através da minha ajuda. Quando o faminto é alimentado, o nu é vestido, o doente é curado, o pobre aliviado, o perdido salvo, essa é a recompensa que Deus tem para nós.

Nossas dádivas não devem ser feitas diante dos homens, nem diante de nós mesmos, mas diante de Deus que vê o intimo do nosso coração e nos recompensará. Porque “mais bem-aventurado é dar do que receber” (Atos 20.35).

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