quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

O amor precede a hospitalidade


Por Leandro Louzada

Texto Base: III João 1-4

Introdução: III João é juntamente com II João a menor carta do NT, segundo John MacArthur elas contém menos de 300 palavras gregas. O tema central de III João é: “Hospitalidade uma marca do verdadeiro cristão”.

Estamos tratando então de uma carta, mas como era uma carta no mundo antigo?
Dos 27 escritos do Novo Testamento, 21 são cartas. No século I, não existia tantos recursos de comunicação como temos hoje, por isso as cartas eram o meio mais usado para comunicação.
Também devido o crescimento rápido da Igreja, a forma encontrada para manter contato entre os cristãos por uma meio flexível, barato e ágil era a utilização das cartas.
As cartas também era uma forma de “marcar presença”, Leon Morrin diz que: “Poderíamos chamar isso de um meio para manter contato” .

A maioria das cartas do mundo antigo era constituída de três partes:

1.      Introdução: Contendo uma saudação, votos de saúde e benção;
2.      Corpo da carta: Desenvolvimento dos temas propostos, ligando a introdução ao corpo e o corpo a conclusão;
3.      Conclusão: Termina com saudações de diversos tipos e as cartas do Novo Testamento (algumas), acrescentam uma doxologia ou benção e diversos pedidos, desde oração (Romanos), até um pedido para trazer uma capa e livros (II Timóteo).

Agora que sabemos o que é uma carta e como era utilizada, precisamos saber quem, onde e quando a carta de III João foi escrita?
Alguns estudiosos defendem que esta carta foi escrita por um presbítero chamado João e não tinha qualquer relação com o apóstolo João. Porém essa posição teológica nunca ficou provada, muito menos a existência deste homem.
A tradição diz que tanto as três cartas de João, como o Evangelho de João e o livro do Apocalipse, foram escritos pelo apóstolo João, aquele conhecido como apóstolo do amor. Basta fazermos uma leitura superficial dos seus escritos que observaremos grandes semelhanças. 
João escreve essa carta segundo MacArthur, provavelmente entre os anos 90-95 a.C, quando o presbítero estava pastoreando a Igreja de Éfeso.
Diante disso, passaremos a analisar os 4 primeiros versos desta carta, a introdução da mesma.

1)      Não ame apenas de palavras (v.1).

1.1.      João se apresenta como presbítero

Isso significava que era um ancião encarregado da administração e governo de Igrejas individuais. João era o responsável por algumas igrejas, mesmo não estando pastoreando as mesmas efetivamente.

1.2.      João escreve ao amado

O termo no grego utilizado como amado, significa aquele que possuo profundo laço de afetividade, podendo se referir a Deus ou irmão. Aqui precisamente João está usando o termo para enfatizar Gaio.
Gaio era um cristão muito amado por João, não sabemos bem certo quem era Gaio, seu nome era um dos 18 mais usados no mundo grego-romano, mas sabemos como o mesmo era querido e se portava diante da comunidade que vivia.

1.3.      João o ama na verdade

João possui um profundo laço afetivo com Gaio e agora enfatiza isso, dizendo que o ama, no original significa que o valoriza e manifesta generosa preocupação pelo “Amado”, essa preocupação e valorização o impulsiona a cuidar e desejar continuamente o cuidado daquele irmão.
Mas o presbítero faz questão de mostrar que faz isso na verdade, ou seja, não somente em palavras, mas em conduta, sinceridade e veracidade.

João não só fala, antes, demonstra com suas atitudes e integridade de coração o amor.

2)      Não seja apenas alvo do amor, transmita o amor (v.3-4).

2.1.       João deseja o bem estar de Gaio

Como já foi mencionado, nas cartas antigas, geralmente votos de saúde são mencionados para o receptor ou receptores da carta. João deseja prosperidade e saúde para Gaio. Prosperidade é viver plenamente, contente e tendo as necessidades supridas e saúde é ter um corpo ausente de problemas físicos.

2.2.      João quer enfatizar e apontar a vida espiritual saudável de Gaio

O presbítero usa a palavra psique, que significa a sede dos desejos, sentimento e apetites. Ele o deseja prosperidade e saúde, assim como tem uma vida espiritual saudável. Gaio era um homem equilibrado.

2.3.       João mostra que uma vida espiritual saudável, está associada ao testemunhar e andar na verdade.

Se notarmos, veremos que João estava falando de amor e verdade, agora muda para apenas verdade. Mas não podemos dicotomizar o amor da verdade, ambos estão entrelaçados, não tem como viver na verdade sem o amor e assim vice-versa. Andar no caminho da verdade significa andar no caminho do amor, lembra o que o próprio João transcreveu: “E disse Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida...” (João 14.6a) e “Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor” (I João 4.8).
Assim, como João não ama Gaio só de palavras, o mesmo salienta que o “Amado” também vive desta maneira, não é apenas alvo do amor, porém, transmite esse amor, algo reconhecido e experimentado por aqueles que estão a sua volta.

2.4.      Diante disso João pode ter tranqüilidade

O verbo grego utilizado tem o significado de estar calmamente feliz, confortável, em paz e tranqüilo.

João sabendo que Gaio não é somente alvo do amor, mas transmite esse amor com sua vida e palavra, fica extremamente calmo, tranqüilo e confortável.

3)      Não fique estagnado, cresça na verdade e amor (v.4).

3.1.       João mostra que andar na verdade significa crescer na verdade, sendo assim, crescer no amor.
Crescer em uma vida de boa conduta, um andar e viver sincero e em tudo que fizer, falar ou pensar que seja com veracidade.
Mas isso não pode ser apenas por um momento ou tempo, por sua vez, deve ser continuo, o que a Bíblia chama de crescer de Glória em Glória a maturidade cristã.

 3.2.       Diante disso João pode se alegrar
Gaio estava testemunhando, vivendo e progredindo na verdade. Diante disso, João sente profunda alegria, deleite e satisfação. João faz questão de dizer que o considerava o seu filho na fé, a palavra no grego pode ser traduzida também como aluno e discípulo. Gaio era um discípulo, o discípulo estava sempre a disposição do seu mestre para crescer e aprender, ele aprendia no caminhar e viver.
Gaio não era apenas alvo do amor, mas transmitia o amor, todos que estavam a sua volta viam o seu agir e progresso, mas mesmo assim ele ainda estava progredindo e sua caminhada ainda não havia acabado.

Conclusão: João amava Gaio não só com palavras, por sua vez, Gaio era o alvo do amor, mas também transmitia esse amor e não apenas vivia e transmitia esse amor fincando na verdade, como a cada dia buscava andar e caminhar na direção desta verdade que estava ancorada no amor de Deus.
Será que estamos amando o outro com palavras e atitudes? Estamos querendo ser amados e cuidados, mas será que amamos e cuidamos? Como está nossa vida espiritual, estamos progredindo na verdade? Qual o sentimento dos outros ao nosso respeito, as pessoas sentem paz, descanso e tranqüilidade quando pensam ou escutam sobre nós ou ficam angustiadas e tristes?
Qual atitude tomaremos a partir de hoje? Andaremos no caminho da verdade e amor ou não?

A Deus seja dada toda glória, amém!


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