Por Leandro Louzada
A cada dia surge um novo
movimento trazendo algo inovador para revolucionar as Igrejas locais,
organizando determinados ministérios, promovendo eventos, capacitando líderes,
com o intuito de atrair pessoas e multiplicar o número de membros.
Cristo nos comissionou a ir
(indo) por todo mundo pregando o Evangelho a toda criatura. Ele disse aos seus
discípulos para aguardarem o cumprimento da profecia de Joel 2, onde o Espírito
desceria sobre toda criatura, assim eles poderiam ir, proclamar a Palavra de
Deus em Jerusalém, Judeia, Samaria e até os confins da terra.
É
desejo de Deus e sempre foi de multiplicar o Evangelho, de salvar pessoas, de
acrescentá-las na sua Igreja.
O grande problema está em
utilizar métodos e ferramentas para “burlar” a entrada de pessoas na Igreja de
Cristo, onde acabamos confundindo um ministério bem sucedido com o aumento da
membresia a todo custo, com Igrejas locais inchadas, cheias de pessoas sem um
real encontro com o Cristo ressurreto.
Hoje quero falar do modelo de
crescimento de Igrejas utilizado por Paulo, sei que passaria muitos dias
expondo todo o pensamento e ação de Paulo com relação ao tema proposto, porém
quero fazer uma exposição do texto de 1 Coríntios 2.1-5, apenas como um
apêndice de tudo que deveria ser dito, talvez nos levando a refletir e produzir
algo a partir desta pequena reflexão.
A cidade de Corinto era uma das mais importantes da Grécia,
situava-se num lugar estratégico entre o continente grego e a península do
Peloponeso, existia dos portos naquela
região e longa estrada usada para transporte
de mercadorias.
Era um importante centro cultural e religioso, em Corinto
existia diversos templos, sendo o mais importante localizado no Acrocorinto
(colina), cujo era o centro de adoração
à Afrodite, conhecida na mitologia grega como a deusa do amor, onde ficavam
centenas de sacerdotisas cultuais, era o centro da imoralidade sexual da
cidade.
Também a cidade era um grande centro filosófico, existia os famosos
debates filosóficos, como forma de competição, muitas pessoas financiavam seus filósofos
preferidos. Em Corinto foi fundado os
jogos istmos, em homenagem ao deus pesidon, estes realizados de 2 em 2
anos, só perdia em popularidade para os jogos olímpicos de Atenas.
Nessa cidade que o apóstolo
Paulo chega em sua segunda viagem missionária, antes ele havia passado em
Filipos, Tessalônica, Bereia e Atenas. Depois de sair corrido de Tessalônica e
Bereia e de ser zombado em Atenas, o apóstolo segue rumo a Corinto (Atos 18),
ao chegar em Corinto é recebido por um casal chamados Áquila e Priscila, estes
que haviam sido expulsos de Roma, através de um decreto de Cláudio, eles dão
casa e trabalho para Paulo, e como de práxis passa a expunha as Escrituras
todos os sábados na sinagoga.
Paulo pregou na sinagoga de Corinto,
obtendo certo sucesso inicial, alcançando judeus e prosélitos. Tício Justo, que morava ao lado da
sinagoga, Crispo, o principal da
sinagoga e muitos coríntos creram no
Senhor. Depois da oposição de alguns Judeus a mensagem, Paulo fez aquilo de
costume, lançou-se aos gentios.
Recebeu uma visão de Deus que dizia que existia muitas pessoas a serem
alcançadas naquela cidade, sendo assim, ele deveria proclamar por que o próprio
Deus estaria com ele.
Paulo fica ali por 18 meses,
depois navega para Sríria, Cencréia e Éfeso (todas estas de forma rápida), dali
partiu para Antioquia, ficou mais ou menos 1 ano naquela cidade, depois passou
confirmando os discípulos nas regiões da galácia e frígia.
Sua terceira viagem missionária
inicia-se em Éfeso, onde fica por 3 anos, nesta cidade recebe notícias não
muito boas da Igreja de Corínto. Ele escreve uma carta, porém não temos acesso
a ela ( 1 Co 5.9).
Depois disso a Igreja faz
perguntas por escrito (1 Co 7.1); pessoas da casa de Cloe informam a situação
da Igreja (1 Co 1.11); enviados de corinto Estáfanas, Fortunato e Acaico,
visitam Paulo em Éfeso (1 Co 16.17).
Paulo precisa escrever sua
segunda carta para resolver muitos problemas que ficou sabendo através destas
pessoas que estava acontecendo em Corínto:
·
Divisões,
culto a personalidade;
·
Injustiça
, irmãos levando outros ao tribunal;
·
Imoralidade,
um homem possuindo a mulher de seu pai;
·
Alimentos
sacrificados aos ídolos;
·
Desordem
no culto, problemas de inversão de papéis;
·
Dúvidas
sobre o casamento, divórcio, viuvez e ser solteiro;
·
Exaltação
do dom de línguas;
·
Descrença
na ressurreição;
Diante
de todo esse contexto, quero me deter apenas em alguns versos do capítulo 2,
precisamente do 1 ao 5.
O
apóstolo começa a exortá-los com relação aos brigas e divisões que existiam no
meio deles relatados pelos da casa de Cloé, afirmando que apresentou o
Evangelho da cruz de Cristo e mais uma vez fala da vocação dos salvos, pessoas
escolhidas não por suas posições sociais, porém pela vontade de Deus.
Agora ele passa a mostrar o método de
crescimento de Igrejas que utilizou em Corinto. Ele mostra que utilizou a
pregação do Evangelho, mas de que forma?
1.
A
pregação do Evangelho não consiste em argumentação humana (v.1).
Não
utilizou métodos humanos para o crescimento da Igreja de Corinto
Paulo
não chegou aos corintos com superioridade de discurso ou conhecimento
filosófico, para pregar, implantar na mente deles por repetição, exibir aquilo
que estava acima da percepção humana, oculto.
Não
utilizou os métodos dos filósofos da época, não exerceu aquilo que os cidadãos
ricos faziam com relação aos pobres, implantando algo através da injustiça,
imposição, da superioridade.
Hoje
existem alguns modelos de crescimento de Igrejas que exaltam os métodos e
muitos deles retirados de empresas, onde buscam bater metas, abrir franquias,
pragmatismo, deu certo lá, vai dar aqui também. Não é porque utilizo a Bíblia
que estou fazendo o certo.
Mark Dever disse: “Não
é o pregador que faz uma igreja crescer. Deus pode usá-lo”.
Usamos o argumento de utilizar os métodos humanos para alcançar as pessoas, mas
Paulo propõe algo diferente:
2.
A
pregação do Evangelho consiste na cruz (v.2,4).
O
método de crescimento de Igreja utilizado por Paulo é a Proclamação do
Evangelho.
“O Crescimento natural de uma Igreja é obtido com a
exposição do Evangelho” (Pr. Daniel Batista).
O
problema não é o método, mas qual método utilizar para o crescimento de
Igrejas. O apóstolo não quis achar o método mais apropriado, excelente para
utilizar naquela Igreja, mas o que utilizou foi a proclamação, o implantar na
mente dos corintos o Evangelho e este era a cruz, que foi a autonegação,
renunciar a si mesmo, exposição da morte a expiação de Cristo. Mostrar sua morte
como um criminoso que era pregado em uma estaca, assim como faziam os Judeus e
Romanos ao condenar um criminoso a morte.
John Knox disse: “Sempre louvo a Deus que Cristo
Jesus seja sempre pregado” – “O Pastor deve compartilhar o pão da vida a almas
famintas e desfalecidas”.
Seu
discurso não foi de sedução, não
usou de métodos humanos para atrair pessoas, não utilizou a sabedoria e métodos
que os corintos utilizavam.
O
que ele utilizou, o que consistia o seu método de crescimento de Igrejas?
O
Pleno conhecimento da verdade do Evangelho, este qualificado por Deus.
Transmitido apenas através do milagre, da capacitação de Deus, ou seja, um
poder transformador transmitido pelo próprio Deus.
Charles Spurgeon disse: “Se eu tivesse apenas mais
um sermão a pregar antes de morrer, seria a respeito de meu Senhor Jesus
Cristo. Penso que, quando chegarmos ao final de nosso ministério, lastimaremos
que não tenhamos pregado mais sobre ele”.
O
método paulino foi a pregação, instrução e anunciação do Evangelho de Cristo.
Paulo não utilizou métodos
humanos para o crescimento da Igreja de Corinto, mas a proclamação e exposição
das boas novas de Cristo, utilizando esse método o apóstolo fez aquilo que ao
exaltar alguns métodos humanos acabamos perdendo.
3.
A
pregação do Evangelho sempre glorifica a Deus e nunca exalta os homens (v.3-5).
O
método de crescimento de Igrejas de Paulo sempre glorifica a Deus.
Paulo
quando afirma que não utilizou métodos humanos para obter sucesso no
crescimento daquela Igreja, ele sabia o que estava falando e sua condição
quando foi estar com eles.
Ele
utiliza três palavras, respeito/honra, agitação e fragilidade/depressão e falta
de energia.
No
grego quando fobô e tromô são utilizados juntos é para mostrar a intensidade da
ação, ou seja, quando Paulo anunciou o Evangelho foi com grande agitação
interior acompanhado de grande respeito e reverência. Ele sabia a
responsabilidade que era pregar.
Pregou
com grande respeito e agitação interior, mas também com fragilidade física e
depressão.
Paulo
passou por grandes problemas antes de chegar em Corinto como já mencionei
acima, mas para lembrar, o apóstolo foi preso e açoitado em Filipos, saiu
corrido de Tessâlonica e Bereia, em Atenas foi zombado e mal recebido. Estava
fraco, frágil, com problemas físicos e emocionais.
Sendo assim, a glória não poderia ser dele, ele
estava e era incapaz, se utilizasse métodos humanos fracassaria, sua mente e
seu corpo estavam debilitados, por isso que o sucesso da sua pregação e do
crescimento da Igreja em Corinto, apontavam unicamente para glória de Deus.
John Piper disse: “A Pregação é feita para levar
pessoas a adorar o Senhor”
Sua fé, crença e método de crescimento não foi
fundamentado em sabedoria humana, mas no poder milagroso transmitido a ele pelo
próprio Deus.
Nós
pastores somos todos os dias seduzidos por novos movimentos e métodos que
aparecem para nos ajudar a fazer com que nossas igrejas cresçam, estudantes de
teologia, futuros pastores e ministros planejam durante seus anos de estudo
pastorear uma igreja grande, organizada, e muitas vezes quando saem do
seminário são tentados a buscar métodos de crescimento alicerçados no saber
humano.
A
Igreja de Corinto mesmo grande e bem sucedida aos olhos humanos estava no
caminho errado, exaltando seus ministros e métodos utilizados pelos filósofos,
esquecendo que tanto Apolo, como Paulo e Cefas eram apenas os menores servos da
Igreja e mordomos dos mistérios de Deus, nada era procedia deles (1 Co 4.1).
Mike Mackiley, escreveu um livro chamado Plantar
Igrejas é para os fracos, quero citar uma parte do escrito para finalizar minha
exposição:
“Ouça, se você prega uma grande série de sermões
temáticos sobre casamento, finanças ou sexo, sua plantação de igreja pode
crescer. Se você é um marqueteiro espertalhão e coloca outdoors atraentes
espalhados pela cidade, sua igreja pode crescer rapidamente. Você pode usar
camisetas das últimas tendências, tingir de loiro as pontas do cabelo e usar um
microfone pendurado no ouvido. Mas, se você prega a Palavra de Deus com
fidelidade, poucas pessoas serão tentadas a pensar que você é grande. Se você
se levanta no domingo de manhã e explica que Jesus, ao perdoar os pecados do
paralítico, conforme Marcos 2, estava
afirmando que era Deus e que a única maneira de perdoar os pecados era
que Deus em carne tomasse sobre si mesmo a punição de nossos pecados na cruz,
as pessoas terão uma de duas reações: elas louvarão a Deus ou pensarão que você
é um completo idiota. Este é o fato. Deus planejou agir desta maneira. Você prega,
e pessoas são salvas para a glória de Deus, ou a suposta “sabedoria” delas é
confundida, e você parece um retardado, também para glória de Deus”.
O
que nós como pastores ou futuros pastores, educadores religiosas, ministros de
música faremos diante disso? Continuaremos a buscar os métodos humanos ou o
método de Deus?
Os
homens e seus métodos não são nada, qual é o método de crescimento de Igrejas
de Paulo baseado em 1 Coríntios 2.1-5?
A
pregação do Evangelho, sem a utilização dos métodos humanos, visando sempre a
glorificação de Deus, que dá o crescimento como, onde e quando quiser!
bom o comentario
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirQue exposição maravilhosa, quando muitos buscam métodos humanos,encontramos um homem de Deus que nos ensina a buscar método centrado na Palavra de Deus. Que o nosso Deus continue a te abençoar ricamente.
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