Por Leandro Louzada
O tema do castigo é abordado diversas vezes no livro de Amós, mas o ponto principal do tema é atingindo na parte final do livro, mas precisamente, nas visões que Amós tem. Vale lembrar que as visões aconteceram em ocasiões diferentes e não pode ser dito que elas são exatamente a experiência do chamado de Amós, mas mostra profundamente o porque de tudo, porque Deus fez o profeta passar por tudo que ele passou e a atitude que Amós tomou para sua mensagem.
José Luis Sicre, em seu livro, Profetismo em Israel coloca algo interessante sobre a mensagem que as visões trouxeram a Amós, ele diz: “Percebemos nela uma progressão crescente. Nas duas primeiras (7,1-6), Deus manifesta sua vontade de castigar o povo com uma praga de gafanhotos e uma seca. O profeta intercede, e o Senhor se compadece e perdoa. Amós centra sua atenção no castigo, não pensa se este é justo ou injusto e, vendo o povo tão pequeno, pede perdão para ele, perdão que Deus concede. Contudo, nas visões terceira e quarta a situação muda. Prescindindo de como devem ser interpretadas, fica claro que Deus não está disposto a perdoar. A quinta desenvolve esta mesma idéia com uma imagem diferente, a do terremoto, que abre a porta a uma catástrofe militar e a uma perseguição do próprio Deus. É o que acontecerá efetivamente quarenta anos mais tarde, quando as tropas assírias conquistarem Samaria e o Reino Norte desaparecer da história.”(Sicre.p.249).
Interessante é que dizer isso naquele momento e época que o povo vivia, era loucura, pois o eles vivia em total abundância, liderado por Jeroboão II a cidade só crescia. Samuel Schultz em seu livro História de Israel nos trás um pequeno, mas objetivo panorama do reinado de Jeroboão II, vale destacar alguns pontos: “Jeroboão, o quarto monarca da dinastia de Jéu, foi o mais notável rei do Norte. Pelo tempo em que ele assumiu controle único sobre o reino, encontrava-se em posição de tirar plena vantagem das oportunidades de expanção. O reino de Israel gozou de uma prosperidade pacífica sem igual desde os dias de Salomão e Davi. A cidade de Samaria, que fora fundada por Onri, agora foi reforçada em suas defesas por Jeroboão. As muralhas foram alargadas contra o dia da invasão tanto quanto 10m em alguns lugares estratégicos. As fortificações foram tão bem construídas que cerca de meio século mais tarde os assírios despenderam três anos para conquistar a cidade.”
(Schultz,p.187-188)
Amós anuncia o castigo que o povo sofreria, mas ele explica as razões desse castigo, mostrando todos os pecados que levaram ao castigo, mas vamos nos deter sobre quatro pecados, pois esses sobressaem. José Luis Sicre fala sobre isso, relatando os quatro pecados como: “O luxo, a injustiça, o falso culto a Deus e a falsa segurança religiosa.” (Sicre,p.249)
Amós criticava o luxo da classe mais alta, nas suas esplendidas moradias e o seu nível de vida. Ele foi o profeta que mais atacou os pertences luxuosos dos ricos. Não que ser rico era estar transgredindo algum mandamento, mas Amós quer mostrar é uma atitude solidária do povo de Deus.
Em sua mensagem, ele mostra que os ricos conseguiram todos os seus pertences através da injustiça, eles oprimiam e maltratavam os pobres, Sicre explana com muita propriedade esse fato, ele diz: “Em suma, o que esta gente entesoura em seus palácios não são “arcas de marfim” nem “mantas de Damasco”, mas “violências e crimes”. Conseguiram suas riquezas “oprimindo os pobres e maltratando os miseráveis”, “desprezando o pobre e cobrando-lhe o imposto do trigo”, “espremendo o pobre, despojando os miseráveis” vendendo gente inocente como escravos, falseando medidas e aumentando os preços”. (Sicre,p.250). Está forma de agir é totalmente contrária a que Deus exige de seu povo.
O povo de Israel, continuava normalmente com suas práticas religiosas, oferecendo sacrifícios todas as manhãs, pagando o dizimo, realizando as suas orações, e outras coisas mais. Mas a tônica é que, eles cultuavam a Deus, mas continuavam a oprimir e abusar dos pobres, pensando que Deus se agradava de seus sacrifícios. Mas Deus rejeitava todas essas coisas. “As visitas ao santuário só servem para pecar e aumentar os pecados, as outras práticas não respondem à vontade de Deus, mas ao beneplácito do homem. O Senhor não quer oferendas, holocaustos e cantos, mas direito e justiça.” (Sicre,p.251).
A última coisa que Amós ataca é a “falsa segurança religiosa”, o povo de Israel achava que não poderia acontecer nenhuma desgraça com eles, pois eram o povo eleito, escolhido por Deus. E esperam a chegada do dia do Senhor, que será um dia de muita paz e vitória. Amós diz que esse privilégio não existe, que Deus também fez subir os Filisteus de Cáftor e os Sirios de Quir. E se eles realmente tem esse privilégio eles deveriam ter mais responsabilidade e não se sentir seguros diante de Deus. “Os privilégios passados, que o povo não quis aproveitar, se transformaram em acusação e causa de castigo: “A vós escolhi entre todas as famílias da terra: por isso cobrarei prestação de contas dos vossos pecados”. Assim quando chegar o dia do Senhor, será um dia terrível, tenebroso e obscuro.” (Sicre,p.251)
Mas será que existe a possibilidade do povo escapar a essa catástrofe, anunciada por Amós? Podemos ver uma oportunidade de viver, no capitulo 5 verso 4 a 6, do livro escrito pelo profeta, diz: “Procurai-me e vivereis”. Não significa em visitar santuários, mas o vivereis está ligado a fazer o bem e buscar a justiça social, lutar por essas causas certamente era a única maneira de escapar do castigo de Deus, mostrado através do profeta Amós. Ao longo da história do povo de Israel, podemos ver que o povo não entendeu a mensagem passada através do profeta acabando sofrendo o castigo de Deus.
O livro introdução e comentário do livro de Joel e Amós, na serie cultura bíblica, publicado pela editora vida nova e escrito por David Allan Hubbard, nos trás o uso do livro do profeta Amós no Novo Testamento, gostaria de anexar esse pequeno estudo a este trabalho.
O impacto direto de Amós sobre o Novo Testamento parece surpreendente pequeno, dada sua importância na história da profecia do Antigo Testamento. Algumas afinidades verbais podem existir entre Amós #:7 e Apocalipse 10:7; 11:18, entre Amós 3:13 (LXX) e Apocalipse 1:8 e entre Amós 9:1 e Apocalipse 8:3. Além disso, pelo menos um estudioso mostrou ser possível a existência de alguns paralelos na linguagem e no pensamento entre as passagens de Tiago (2:6,12,13; 5:1-6) e as preocupações sociais de Amós. Esses paralelos podem refletir um entendimento comum da ética bíblica, e não influência direta.
Há, entretanto, duas passagens que são citadas sem ambigüidades no Novo Testamento e também nos escritos de Qumram: Amós 5:25-27 em Atos 7:42-43; Amós 9:11-12 em Atos 15:16-17. O uso que Lucas faz dos oráculos de Amós ocorre em lugares importantes de seu argumento, a primeira passagem que ele usa para documentar a história de rejeição de Deus por parte de Israel, e a rejeição de Israel por parte dele, é tema central da defesa que fez Estevão de seu compromisso com Cristo, era que os gentios buscariam ao Senhor e seriam chamados por seu nome.
Mais que qualquer alusão verbal ou citação direta, Amós esclarece em muito o nosso entendimento do Novo Testamento e de nossa prática do discipulado na igreja. O próprio tema do juízo executado pelo soberano Senhor assim sobre gentios como sobre o povo de Israel ajuda-nos a compreender o significado da cruz de Cristo. Quão patente fica o pecado de desobediência quando Amós o denuncia violentamente! Quão ardentes as chamas do juízo quando Amós o retrata! Aquele nosso pecado e aquele juízo de Deus foram resolvidos no Calvário, com perdão e reconciliação por conseqüência. A amplitude desse acontecimento, do qual brotou tão grande salvação, é ressaltada em nosso coração e em nossa mente ao ouvirmos as palavras de Amós, irresistível que são em sua intensidade divina.
Mas consolo de ser liberto do juízo deve expressar-se a favor do abatido, oprimido e desfavorecido. Se os filhos e as filhas da velha aliança tivessem de prestar contas para praticar a justiça e o juízo de Deus, cujos louvores eles entoavam, quanto mais nós, que testemunhamos a plenitude da Deidade em forma carnal em Jesus Cristo? Sabemos mais de sua graça e de sua verdade, tendo-o visto habitar entre nós. Essa graça e essa verdade nos constrangem a nos importarmos como ele se importou, a repartir como ele repartiu e a amar como ele amou. Uma geração sensível à injustiça numa variedade de formas adotou o lamento social de Amós como credo. Ele se tornou o profeta do nosso tempo. Mas não entenderemos esse lamento sem que ouçamos como o lamento de nosso Senhor, que vive, e deixemos que o pathos que moveu ao juízo nos dias de Amós nos mova à ação em nossos dias.
José Luis Sicre, em seu livro, Profetismo em Israel coloca algo interessante sobre a mensagem que as visões trouxeram a Amós, ele diz: “Percebemos nela uma progressão crescente. Nas duas primeiras (7,1-6), Deus manifesta sua vontade de castigar o povo com uma praga de gafanhotos e uma seca. O profeta intercede, e o Senhor se compadece e perdoa. Amós centra sua atenção no castigo, não pensa se este é justo ou injusto e, vendo o povo tão pequeno, pede perdão para ele, perdão que Deus concede. Contudo, nas visões terceira e quarta a situação muda. Prescindindo de como devem ser interpretadas, fica claro que Deus não está disposto a perdoar. A quinta desenvolve esta mesma idéia com uma imagem diferente, a do terremoto, que abre a porta a uma catástrofe militar e a uma perseguição do próprio Deus. É o que acontecerá efetivamente quarenta anos mais tarde, quando as tropas assírias conquistarem Samaria e o Reino Norte desaparecer da história.”(Sicre.p.249).
Interessante é que dizer isso naquele momento e época que o povo vivia, era loucura, pois o eles vivia em total abundância, liderado por Jeroboão II a cidade só crescia. Samuel Schultz em seu livro História de Israel nos trás um pequeno, mas objetivo panorama do reinado de Jeroboão II, vale destacar alguns pontos: “Jeroboão, o quarto monarca da dinastia de Jéu, foi o mais notável rei do Norte. Pelo tempo em que ele assumiu controle único sobre o reino, encontrava-se em posição de tirar plena vantagem das oportunidades de expanção. O reino de Israel gozou de uma prosperidade pacífica sem igual desde os dias de Salomão e Davi. A cidade de Samaria, que fora fundada por Onri, agora foi reforçada em suas defesas por Jeroboão. As muralhas foram alargadas contra o dia da invasão tanto quanto 10m em alguns lugares estratégicos. As fortificações foram tão bem construídas que cerca de meio século mais tarde os assírios despenderam três anos para conquistar a cidade.”
(Schultz,p.187-188)
Amós anuncia o castigo que o povo sofreria, mas ele explica as razões desse castigo, mostrando todos os pecados que levaram ao castigo, mas vamos nos deter sobre quatro pecados, pois esses sobressaem. José Luis Sicre fala sobre isso, relatando os quatro pecados como: “O luxo, a injustiça, o falso culto a Deus e a falsa segurança religiosa.” (Sicre,p.249)
Amós criticava o luxo da classe mais alta, nas suas esplendidas moradias e o seu nível de vida. Ele foi o profeta que mais atacou os pertences luxuosos dos ricos. Não que ser rico era estar transgredindo algum mandamento, mas Amós quer mostrar é uma atitude solidária do povo de Deus.
Em sua mensagem, ele mostra que os ricos conseguiram todos os seus pertences através da injustiça, eles oprimiam e maltratavam os pobres, Sicre explana com muita propriedade esse fato, ele diz: “Em suma, o que esta gente entesoura em seus palácios não são “arcas de marfim” nem “mantas de Damasco”, mas “violências e crimes”. Conseguiram suas riquezas “oprimindo os pobres e maltratando os miseráveis”, “desprezando o pobre e cobrando-lhe o imposto do trigo”, “espremendo o pobre, despojando os miseráveis” vendendo gente inocente como escravos, falseando medidas e aumentando os preços”. (Sicre,p.250). Está forma de agir é totalmente contrária a que Deus exige de seu povo.
O povo de Israel, continuava normalmente com suas práticas religiosas, oferecendo sacrifícios todas as manhãs, pagando o dizimo, realizando as suas orações, e outras coisas mais. Mas a tônica é que, eles cultuavam a Deus, mas continuavam a oprimir e abusar dos pobres, pensando que Deus se agradava de seus sacrifícios. Mas Deus rejeitava todas essas coisas. “As visitas ao santuário só servem para pecar e aumentar os pecados, as outras práticas não respondem à vontade de Deus, mas ao beneplácito do homem. O Senhor não quer oferendas, holocaustos e cantos, mas direito e justiça.” (Sicre,p.251).
A última coisa que Amós ataca é a “falsa segurança religiosa”, o povo de Israel achava que não poderia acontecer nenhuma desgraça com eles, pois eram o povo eleito, escolhido por Deus. E esperam a chegada do dia do Senhor, que será um dia de muita paz e vitória. Amós diz que esse privilégio não existe, que Deus também fez subir os Filisteus de Cáftor e os Sirios de Quir. E se eles realmente tem esse privilégio eles deveriam ter mais responsabilidade e não se sentir seguros diante de Deus. “Os privilégios passados, que o povo não quis aproveitar, se transformaram em acusação e causa de castigo: “A vós escolhi entre todas as famílias da terra: por isso cobrarei prestação de contas dos vossos pecados”. Assim quando chegar o dia do Senhor, será um dia terrível, tenebroso e obscuro.” (Sicre,p.251)
Mas será que existe a possibilidade do povo escapar a essa catástrofe, anunciada por Amós? Podemos ver uma oportunidade de viver, no capitulo 5 verso 4 a 6, do livro escrito pelo profeta, diz: “Procurai-me e vivereis”. Não significa em visitar santuários, mas o vivereis está ligado a fazer o bem e buscar a justiça social, lutar por essas causas certamente era a única maneira de escapar do castigo de Deus, mostrado através do profeta Amós. Ao longo da história do povo de Israel, podemos ver que o povo não entendeu a mensagem passada através do profeta acabando sofrendo o castigo de Deus.
O livro introdução e comentário do livro de Joel e Amós, na serie cultura bíblica, publicado pela editora vida nova e escrito por David Allan Hubbard, nos trás o uso do livro do profeta Amós no Novo Testamento, gostaria de anexar esse pequeno estudo a este trabalho.
O impacto direto de Amós sobre o Novo Testamento parece surpreendente pequeno, dada sua importância na história da profecia do Antigo Testamento. Algumas afinidades verbais podem existir entre Amós #:7 e Apocalipse 10:7; 11:18, entre Amós 3:13 (LXX) e Apocalipse 1:8 e entre Amós 9:1 e Apocalipse 8:3. Além disso, pelo menos um estudioso mostrou ser possível a existência de alguns paralelos na linguagem e no pensamento entre as passagens de Tiago (2:6,12,13; 5:1-6) e as preocupações sociais de Amós. Esses paralelos podem refletir um entendimento comum da ética bíblica, e não influência direta.
Há, entretanto, duas passagens que são citadas sem ambigüidades no Novo Testamento e também nos escritos de Qumram: Amós 5:25-27 em Atos 7:42-43; Amós 9:11-12 em Atos 15:16-17. O uso que Lucas faz dos oráculos de Amós ocorre em lugares importantes de seu argumento, a primeira passagem que ele usa para documentar a história de rejeição de Deus por parte de Israel, e a rejeição de Israel por parte dele, é tema central da defesa que fez Estevão de seu compromisso com Cristo, era que os gentios buscariam ao Senhor e seriam chamados por seu nome.
Mais que qualquer alusão verbal ou citação direta, Amós esclarece em muito o nosso entendimento do Novo Testamento e de nossa prática do discipulado na igreja. O próprio tema do juízo executado pelo soberano Senhor assim sobre gentios como sobre o povo de Israel ajuda-nos a compreender o significado da cruz de Cristo. Quão patente fica o pecado de desobediência quando Amós o denuncia violentamente! Quão ardentes as chamas do juízo quando Amós o retrata! Aquele nosso pecado e aquele juízo de Deus foram resolvidos no Calvário, com perdão e reconciliação por conseqüência. A amplitude desse acontecimento, do qual brotou tão grande salvação, é ressaltada em nosso coração e em nossa mente ao ouvirmos as palavras de Amós, irresistível que são em sua intensidade divina.
Mas consolo de ser liberto do juízo deve expressar-se a favor do abatido, oprimido e desfavorecido. Se os filhos e as filhas da velha aliança tivessem de prestar contas para praticar a justiça e o juízo de Deus, cujos louvores eles entoavam, quanto mais nós, que testemunhamos a plenitude da Deidade em forma carnal em Jesus Cristo? Sabemos mais de sua graça e de sua verdade, tendo-o visto habitar entre nós. Essa graça e essa verdade nos constrangem a nos importarmos como ele se importou, a repartir como ele repartiu e a amar como ele amou. Uma geração sensível à injustiça numa variedade de formas adotou o lamento social de Amós como credo. Ele se tornou o profeta do nosso tempo. Mas não entenderemos esse lamento sem que ouçamos como o lamento de nosso Senhor, que vive, e deixemos que o pathos que moveu ao juízo nos dias de Amós nos mova à ação em nossos dias.
Fontes:
Profetismo em Israel - José Luiz Sicre
História de Israel - Samuel Schultz
Comentário de Joel e Amós - David Allan
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