quinta-feira, 24 de abril de 2008

Pensadores Modernos II

Por John Stott
O pregador não é um apóstolo
O pregador Cristão não é um apóstolo. Claro, a Igreja é "apostólica", por ter sido fundada sobre a doutrina dos apóstolos e por ter sido enviada ao mundo para pregar o evangelho. Mas os missionários plantadores de igrejas não deveriam própriamente ser chamados de "apóstolos". É incorreto falar de Hudson Taylor, apóstolo da China", ou "Judson, apóstolo de Burma" como se estivesse falando de "Paulo, apóstolo dos gentios". Os estudos mais recentes confirmam o caráter único dos apóstolos. Karl Heinrich Rengstorf, em seu artigo sobre apostolado no famoso vocabulário Teológico de Gerhard Kittel, defende que os apóstolos de Jesus equivaliam aos Shalianchim judaícos, mensageiros especiais que eram enviados aos judeus da dispersão de tal maneira que diziam eles, "é como se o enviado fosse a própria pessoa que os envia". Segundo Rengstorf, "...enquanto os outros verbos transmitem simplismente a idéia de envio, apostellein possui aspectos de um próposito, missão (ou comissão), autoridade e responsabilidade especiais". Apóstolos, diz ele, "é sempre a descrição de alguém enviado como embaixador, e um embaixaodr investido de autoridade. A palavra grega apóstolos é simpelsmente a forma pela qual se transmite o conteúdo e a idéia que temos no Shaliach do judaismo rabínico".
Norval Geldenhuys, em seu valioso livro "Autoridade Suprema", leva o artigo de Rengstorf à conclusão lógica. O apóstolo do Novo Testamento é "alguém escolhido e enviado por comissão especial como representante plenamente autorizado de quem o enviou". Quando Jesus nomeou "apóstolo" seus doze discípulos escolhidos, indicou que eles seriam "seus delegados, que ele enviaria comissionados a ensinar e agir em Seu Nome e autoridade". Ele lhes concedeu uma autoridade especial (Lc 9:1-2,10) que eles mais tarde afirmaram e exerceram. Paulo se considerava apóstolo também, tanto quanto os doze, por indicação direta de Jesus ressurreto. "A única base para o apostolado era a comissão pessoal", à qual devemos acrescentar um encontro com Jesus após a ressurreição. Geldenhuys conclui: "Nunca mais haverá ou poderá haver pessoas que possuam todas essas qualificações para serem Shaliachim de Jesus". Mesmo Rengstorf, que diz que "não sabemos quantos apóstolos havia no princípio, mas deveriam ser bem numerosos", acrescenta que o apostolado "limitou-se à primeira geração, não se tornando um cargo eclesiástico". E que "todo apóstolo é discípulo, mas nem todo discípulo é apóstolo". Geldenhuys cita o artigo de Alfred Plummer sobre "Apóstolo" no Dicionário da Igreja Apostólica", de Hastings: "é impossível qualquer tipo de transmissão de um cargo tçao excepcional".
Estas evidências sugerem que há um paralelismo estreito entre os profetas do Antigo Testamento e os apóstolos do Novo, e Rengstorf chama atenção para isto: "A ligação existente entre a consciência do apostolado com a do ministério profético... enfatiza de forma absoluta o fato dele pregar estritamente o que é revelado, guardando-se de qualquer tipo de alteração que pudesse ser provocada por sua natureza humana". "Como os profetas, Paulo é servo de sua mensagem." " O paralelo entre apóstolos e profetas é justificado porque ambos são transmissores da revelação".
Assim da mesma forma que a palavra "profeta" deve ser reservada para aquelas pessoas no Antigo e Novo Testamento a quem a palavra de Deus veo diretamente, quer sua mensagem tenha chegado até nós ou não, a caracterização de alguém como "apóstolo" deve ser reservada para os Doze e Paulo, que foram especialmente comissionados e investidos com autoridade por Jesus como seus Shaliachim. Estes homens eram únicos. Não deixaram sucessores.
Próximo estudo: "Não um falso profeta ou falso apóstolo."

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