Por Leandro Louzada
A discussão e o interesse existencial em torno das questões de espiritualidade ligada à saúde, a um viver saudável e feliz, tendo como parceiro o conhecimento científico, estão na ordem do dia. Não importa se esta espiritualidade não tem nenhuma referência ao mundo transcendente.
Tendo em vista as sinalizações da atualidade, a temática espiritualidade vendo sendo alvo de interesse junto a diversos segmentos da sociedade; desperta um verdadeiro glamour,especialmente as espiritualidades de cunho oriental: dentre outras, o budismo, nas suas variantes, e o hinduísmo. Constata-se que o cristianismo institucionalizado do ocidente perdeu significativamente o interesse para muita gente.
Prestemos atenção ou não, a Natureza, sem ser convidada, se impõe a nós, por meio de sua força assombrosa de um furacão ou de um terremoto, curiosamente denominados por advogados ateus como “atos de Deus”. O lugar para procurar a espiritualidade é aqui
mesmo, em nossas vidas e em nosso mundo, não alhures. Há também espiritualidade em nosso senso de humanidade e camaradagem, em nosso senso de família e ela pode ser encontrada nas melhores amizades.
Espiritual não implica qualquer crença num ser supremo, ou numa vida depois desta.Espiritual, então, não significa religioso e os que se denominam ateus também têm preocupações espirituais como qualquer outra pessoa.
Um novo campo do conhecimento, denominado neuroteologia, os cientistas buscam as bases biológicas da espiritualidade. Então a idéia de Deus estaria em nossas cabeças como uma criação de nosso cérebro? Mistério dificilmente decifrável no âmbito do circuito racional humano. Seria difícil imaginar um crente em meio a uma experiência mística, dizendo para si próprio que tudo não passa de uma atividade de seus circuitos neuronais. A ciência não lida com o imaterial (embora alguns aspectos da física moderna se aproximem). O mais longe que os neurobiogistas poderão ir será fazer uma correlação entre determinadas experiências com certas atividades cerebrais. Sugerir que o cérebro é a única fonte de nossas experiências seria reducionismo, ignorando a influência de outros fatores importantes, tais como a vontade, ambiente externo, sem esquecer a graça divina.
Para muita gente, ainda hoje, ciência e religião estão em guerra. A função da ciência não é tirar Deus das pessoas. É oferecer uma descrição do mundo natural cada vez mais completa, baseada em experimentos e observações que podem ser repetidos ou ao menos constatados por vários grupos. Com isso, a ciência contribui para aliviar o sofrimento humano, seja ele material ou de caráter metafísico. Sempre haverá a questão de quem fez as moléculas, e por que existe algo em vez de não existir nada. São questões que não podem ser solucionadas pela ciência. Você pode sempre colocar Deus no estágio da criação.
Numa rota reflexiva bem diferente dos cientistas supracitados, temos também aqueles que não vêem contradição entre a prática de uma fé com sua atividade de cientista. Em outras palavras, pode-se ser um bom cientista e ao mesmo tempo acreditar em Deus.
Outra questão que ganha visibilidade é a relação entre religião e saúde. Busca-se provas científicas de que a religião, a fé e espiritualidade, fazem bem e geram bem estar. Pergunta-se, qual é a relação entre a fé e a cura? O debate cresce, envolve cientistas, crentes e não crentes, nos EUA inúmeras faculdades de medicina alteram o currículo de formação de seus futuros profissionais para estudar a questão e ensinar os estudantes em como lidar com os pacientes em relação à esta questão, (doença/saúde/fé/cura), além disso, aumentou muito o número de pacientes que solicitam orações a seus médicos.
Estudos mostram que em torno de 50 a 70% de problemas de cuidados primários em saúde tem o estresse como o maior fator desencadeador. Medicação para pressão sanguínea e anti-inflamatórios, bem como anti-depressivos, são simplesmente paliativos para problemas interiores. Esta pesquisadora no entanto descobriu algo que a deixou estupefata. As pessoas que freqüentam Igreja têm 25% de redução em mortalidade, isto significa que elas vivem mais em relação às pessoas que não freqüentam.
Albert Einstein, que escreveu: “A ciência sem religião é incompleta, a religião sem ciência é cega”. Einstein tornou-se um crente no Deus criador impessoal: “Eu credito no deus de Spinoza, que se revelou na pacífica harmonia de que o que existe não é um Deus que se preocupa com fatos e ações dos seres humanos”. Como um dos maiores cientistas de todos os tempos, Einstein encontrou um caminho de acreditar em ambos, Deus e Ciência. Enfim, a discussão sobre a relação entre fé/espiritualidade/doença/cura/saúde não vai cessar tão cedo, acreditamos que apenas esteja se iniciando. A busca de entendimento científico prossegue, desde os laboratórios digitais sofisticados da neurobiologia que buscam “explorar Deus”, até o leito de muitos doentes crônicos que clamam por saúde e cura, invocando Deus sem exigir provas.
Certamente o conhecimento da racionalidade científica é importante,assim como outros tipos de conhecimento, tais como a música, a literatura, a cultura e as religiões. Querer captar todo o mistério de Deus nas malhas da razão não deixa de ser um ato de orgulho. Para finalizar e deixar como uma provocação, retomamos o que diz Píer Luigi Luisi, bioquímico italiano: “O dilema sobre Deus não pode ser solucionado com lógica. Ou você tem fé ou você não tem”.
A fé e a razão precisam caminhar juntas, os conhecimentos científicos são fontes criadas por Deus para a evolução do homem no espaço que vive. Criação de medicamentos para a cura de doenças que jamais poderíamos acreditar que haveria cura, são processos científicos, mas visivelmente iluminados pelo criador.
A oração é um forte aliado na recuperação do individuo que acredita no poder de um ser superior que pode fazer um milagre, oferecer a cura instantaneamente ou usar o tratamento medico como fonte de cura divina.
Duas coisas podemos afirmar, a ciência não pode caminhar sem a fé e a fé não pode caminhar sem a ciência.
Resenha do artigo "A espiritualidade interpretada pelas ciências e pela saúde" escrito por Leo Pessini.
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