Por Thiago Nardoto
Existe algum paralelo entre pecado e as relações humanas?
O conceito de pecado nos dias de hoje tem sofrido esvaziamento e na prática se criou o "ranking dos pecados" (geralmente a escala mais visada é questão sexual)¹. O termo também se perdeu no anonimato das grandes corporações e das decisões governamentais tomadas dentro de um esquema de poderes diferenciados. Segundo Wayne Grudem em sua Teologia Sistemática "pecado é deixar de se conformar à lei moral de Deus não só em ato e em atitude, mas também em natureza moral. Nossa própria natureza, o caráter íntimo que é a essência daquilo que somos, pode ser também pecaminosa.²" Mas, não há possibilidade de falar em pecado se não apontar para a esfera das relações humanas ou de algum outro tipo de relacionamento pessoal como por exemplo, relacionamento com Deus, sendo assim, o pecado se movimenta e acontece na esfera dos relacionamentos.
As conseqüências e as "dores" do pecado afligem primariamente ao pecador, ao contrário do que se pensa, Deus em hipótese alguma é afligido pelo pecado o Supremo não se frustra, a Trindade vive em uma unidade perfeita, não existindo entre eles nenhuma cadeia de comando, os Três são Um e estão unidos em uma experiência de amor e satisfação plena. Estas qualidades e a profunda alegria são algo inerentes ao próprio Deus, diante desse super sentimento de satisfação, Deus não se frustra, embora se entristeça, pois o ser humano é o alvo do seu amor e a causa da Cruz. O homem que vive na prática do pecado sofre com as conseqüências dos seus erros e principalmente com o afastamento de Deus, pois o pecado é degenerador e levará o homem à ruína espiritual e também a ruína de seus relacionamentos, Vale lembrar que "pecar é mais do que meramente doloroso e destrutivo – é também errado²", pois transgride as leis divinas (1Jo 3:4).
A Trindade jamais abriria espaço para frustração e, assim, esta satisfação de Deus proporcionada por seu Filho na cruz, faz com que o pecado seja irrelevante para Ele, o cuidado de Deus não está em questões morais ou em causas e efeitos, de fato, Deus abomina o pecado e este definitivamente é contrário à essência de Deus mas, ainda assim, O cuidado divino está no relacionamento com o homem, diante do homem abatido pelo pecado os olhos de Deus se voltam para o este caído, porque para Deus o homem é maior que o erro que cometeu.
As conseqüências e as "dores" do pecado, de forma secundária sempre afetarão o próximo. Este relacionamento horizontal (relações sociais) quando afetado pelos "poderes" do pecado, são rompidos e degradados de alguma forma, vejamos: multidões empobrecidas por um sistema ganancioso e egoísta, crianças induzidas ao erotismo precoce pela mídia, abuso infantil (Pedofilia, algo muito antigo, mas que agora tem entrado na pauta de governos cegos), filhos que não falam com os pais, casamentos destruídos, corrupção na política, o famoso jeitinho brasileiro para resolver as situações, quero lembrar também quantas atitudes pecaminosas temos tomado contra o meio ambiente, mesmo não entrando nesse assunto profundamente, vale ressaltar que os nossos pecados ferem toda a criação, lembremos do aquecimento global, pense mais, agora vale a sua imaginação... Como se nota, o pecado sempre afetará ao próximo mesmo que esse seja anônimo (quando causado por decisões políticas ou de grandes corporações) e acontece dentro de um relacionamento resultando em afastamento do próximo e de Deus, porque Deus também vive numa esfera de relacionamento com o homem, sendo assim, este relacionamento vertical também é afetado.
Embora a experiência do pecado seja vivenciada pelos homens e não por Deus não há ninguém em todo o universo que saiba se relacionar "tão bem" com o pecado do que o próprio Deus, Ele sabe colocar o pecado em seu devido lugar, o homem sozinho sem a presença e a misericórdia de Deus não sabe lidar com o pecado. Não existe livros de auto-ajuda, amigos, parentes ou alguma técnica que possa livrá-lo de não pecar, pode até retardar o erro, mas erradicá-lo não. Para Deus o lugar do pecado é no mar do esquecimento e do pecador em seus braços!
O pecado quando cometido gera no homem alguns sentimentos, vejamos:
- O sentimento de culpa, quando este estimula a reflexão e a busca pelo arrependimento, cremos que além da consciência do homem, temos a ajuda do Espírito Santo que quer resgatar o homem e corrigir sua rota (Coríntios) O homem arrependido em Cristo Jesus busca os braços do pai, aceita o perdão que não merece e ainda se sente filho amado, mesmo depois da transgressão, e pasmem... Deus o aceita!
Outro sentimento comum é a supervalorização do poder e dos efeitos do pecado, quando se têm estes sentimentos o homem não recebe a abundante Graça dada por Deus mediante Jesus Cristo por se achar indigno – mesmo que seja, Deus quer perdoar – Acha que os cuidados de Deus para com ele sempre serão condicionados, isso ocorre quando não se entende o poder disciplinador e pedagógico da culpa, que é de reflexão e reconhecimento do erro, gerando o arrependimento e a súplica pelo perdão e não o exercício de uma penitência, não há nada que o homem faça para merecer o perdão e o amor de Deus, Deus simplesmente nos dá porque ele é completamente apaixonado pela a humanidade, Deus é bom!
As escrituras nos ensinam que o amor de Deus e sua infinita misericórdia são a causa de não sermos consumidos, este cuidado de Deus não exime o homem de sua responsabilidade em decidir não pecar, mas acolhe o pecador que diante de Deus é maior que os seus pecados, Deus é mais forte que o pecado, não se engane em Jesus o pecador pode ser superado!
O que pode acontecer também é simplesmente desconsiderar o pecado como uma realidade existente, essa atitude omissa com o pecado cria um quadro de escravidão e inimizade com Deus. Por mais que este ache que tem "tudo sobre controle" nunca terá, vejamos Salmos: Um abismo sempre chama outro abismo de forma que nunca conseguira sair deste "buraco" com as próprias forças. Esta decisão do homem de negar o pecado solicita uma outra reação por parte dele, ao desconsiderar o pecado como uma realidade existente – lembrando que pecado também é prestação de contas diante de um Deus amoroso que dá forças ao homem para vencer o pecado – O homem tem que desconsiderar o próprio Deus como uma pessoa real, por um motivo óbvio: o homem não quer prestar contas! É fato, não há como viver indiferente a um Deus poderoso sabendo que em algum momento será necessário prestar contas! Vale a pena ressaltar que não há como desconsiderar Deus, eliminar Deus da consciência é um ato de loucura é mexer nos princípios da humanidade. Por mais que se queira, mesmo que Sua existência não se comprove empiricamente, existem respostas que sempre em algum momento da vida atribuiremos a Deus, logo Deus é extremamente necessário para a nossa mente limitada!
O objetivo principal deste artigo é mostrar que não há possibilidade de se falar em pecado sem que este esteja num contexto relacional, quando pecamos sempre iremos ferir a nós mesmo, o próximo e consecutivamente a Deus – sem esquecer o ecossistema que sofre com as nossas atitudes pecaminosas! Sempre estaremos de forma dinâmica tomando decisões e assim, acertando ou errando.
O mais importante é sempre ter em mente o amor com que fomos comprados, o preço pago pelo Filho foi alto e para o Pai a maior loucura de amor que já fez! O pecado é uma realidade existente que cresce como um câncer no coração de quem não recebe e acolhe esse amor dado por Deus. O Deus revelado por Jesus é o Pai e não o Senhor dos Exércitos, Ele quer se relacionar profundamente com os seres humanos, e compreende o homem em suas debilidades, não há cobranças e sim diálogo.
Certa vez um amigo me disse acerca do que Deus achava do pecado cometido: "o problema não é você erra, o problema é você não correr para mim". Viver com este Pai amoroso é saber que quando errar sempre haverá um colo, é saber que se pode ter uma vida de qualidade, tendo paz com o próximo e comigo mesmo, é contemplar a beleza da criação é um amigo que sempre estará ao lado ensinando e acima de tudo, é experimentar desse relacionamento tão pleno em que a Trindade vive!
FONTES:
(1) Gottfried Brakemeier – O Ser Humano em Busca de Identidade
(2) Wayne Grudem – Teologia Sistemática, cap 24
Dica de leitura: A Cabana, autor Willian P. Young, editora Sextante
Existe algum paralelo entre pecado e as relações humanas?
O conceito de pecado nos dias de hoje tem sofrido esvaziamento e na prática se criou o "ranking dos pecados" (geralmente a escala mais visada é questão sexual)¹. O termo também se perdeu no anonimato das grandes corporações e das decisões governamentais tomadas dentro de um esquema de poderes diferenciados. Segundo Wayne Grudem em sua Teologia Sistemática "pecado é deixar de se conformar à lei moral de Deus não só em ato e em atitude, mas também em natureza moral. Nossa própria natureza, o caráter íntimo que é a essência daquilo que somos, pode ser também pecaminosa.²" Mas, não há possibilidade de falar em pecado se não apontar para a esfera das relações humanas ou de algum outro tipo de relacionamento pessoal como por exemplo, relacionamento com Deus, sendo assim, o pecado se movimenta e acontece na esfera dos relacionamentos.
As conseqüências e as "dores" do pecado afligem primariamente ao pecador, ao contrário do que se pensa, Deus em hipótese alguma é afligido pelo pecado o Supremo não se frustra, a Trindade vive em uma unidade perfeita, não existindo entre eles nenhuma cadeia de comando, os Três são Um e estão unidos em uma experiência de amor e satisfação plena. Estas qualidades e a profunda alegria são algo inerentes ao próprio Deus, diante desse super sentimento de satisfação, Deus não se frustra, embora se entristeça, pois o ser humano é o alvo do seu amor e a causa da Cruz. O homem que vive na prática do pecado sofre com as conseqüências dos seus erros e principalmente com o afastamento de Deus, pois o pecado é degenerador e levará o homem à ruína espiritual e também a ruína de seus relacionamentos, Vale lembrar que "pecar é mais do que meramente doloroso e destrutivo – é também errado²", pois transgride as leis divinas (1Jo 3:4).
A Trindade jamais abriria espaço para frustração e, assim, esta satisfação de Deus proporcionada por seu Filho na cruz, faz com que o pecado seja irrelevante para Ele, o cuidado de Deus não está em questões morais ou em causas e efeitos, de fato, Deus abomina o pecado e este definitivamente é contrário à essência de Deus mas, ainda assim, O cuidado divino está no relacionamento com o homem, diante do homem abatido pelo pecado os olhos de Deus se voltam para o este caído, porque para Deus o homem é maior que o erro que cometeu.
As conseqüências e as "dores" do pecado, de forma secundária sempre afetarão o próximo. Este relacionamento horizontal (relações sociais) quando afetado pelos "poderes" do pecado, são rompidos e degradados de alguma forma, vejamos: multidões empobrecidas por um sistema ganancioso e egoísta, crianças induzidas ao erotismo precoce pela mídia, abuso infantil (Pedofilia, algo muito antigo, mas que agora tem entrado na pauta de governos cegos), filhos que não falam com os pais, casamentos destruídos, corrupção na política, o famoso jeitinho brasileiro para resolver as situações, quero lembrar também quantas atitudes pecaminosas temos tomado contra o meio ambiente, mesmo não entrando nesse assunto profundamente, vale ressaltar que os nossos pecados ferem toda a criação, lembremos do aquecimento global, pense mais, agora vale a sua imaginação... Como se nota, o pecado sempre afetará ao próximo mesmo que esse seja anônimo (quando causado por decisões políticas ou de grandes corporações) e acontece dentro de um relacionamento resultando em afastamento do próximo e de Deus, porque Deus também vive numa esfera de relacionamento com o homem, sendo assim, este relacionamento vertical também é afetado.
Embora a experiência do pecado seja vivenciada pelos homens e não por Deus não há ninguém em todo o universo que saiba se relacionar "tão bem" com o pecado do que o próprio Deus, Ele sabe colocar o pecado em seu devido lugar, o homem sozinho sem a presença e a misericórdia de Deus não sabe lidar com o pecado. Não existe livros de auto-ajuda, amigos, parentes ou alguma técnica que possa livrá-lo de não pecar, pode até retardar o erro, mas erradicá-lo não. Para Deus o lugar do pecado é no mar do esquecimento e do pecador em seus braços!
O pecado quando cometido gera no homem alguns sentimentos, vejamos:
- O sentimento de culpa, quando este estimula a reflexão e a busca pelo arrependimento, cremos que além da consciência do homem, temos a ajuda do Espírito Santo que quer resgatar o homem e corrigir sua rota (Coríntios) O homem arrependido em Cristo Jesus busca os braços do pai, aceita o perdão que não merece e ainda se sente filho amado, mesmo depois da transgressão, e pasmem... Deus o aceita!
Outro sentimento comum é a supervalorização do poder e dos efeitos do pecado, quando se têm estes sentimentos o homem não recebe a abundante Graça dada por Deus mediante Jesus Cristo por se achar indigno – mesmo que seja, Deus quer perdoar – Acha que os cuidados de Deus para com ele sempre serão condicionados, isso ocorre quando não se entende o poder disciplinador e pedagógico da culpa, que é de reflexão e reconhecimento do erro, gerando o arrependimento e a súplica pelo perdão e não o exercício de uma penitência, não há nada que o homem faça para merecer o perdão e o amor de Deus, Deus simplesmente nos dá porque ele é completamente apaixonado pela a humanidade, Deus é bom!
As escrituras nos ensinam que o amor de Deus e sua infinita misericórdia são a causa de não sermos consumidos, este cuidado de Deus não exime o homem de sua responsabilidade em decidir não pecar, mas acolhe o pecador que diante de Deus é maior que os seus pecados, Deus é mais forte que o pecado, não se engane em Jesus o pecador pode ser superado!
O que pode acontecer também é simplesmente desconsiderar o pecado como uma realidade existente, essa atitude omissa com o pecado cria um quadro de escravidão e inimizade com Deus. Por mais que este ache que tem "tudo sobre controle" nunca terá, vejamos Salmos: Um abismo sempre chama outro abismo de forma que nunca conseguira sair deste "buraco" com as próprias forças. Esta decisão do homem de negar o pecado solicita uma outra reação por parte dele, ao desconsiderar o pecado como uma realidade existente – lembrando que pecado também é prestação de contas diante de um Deus amoroso que dá forças ao homem para vencer o pecado – O homem tem que desconsiderar o próprio Deus como uma pessoa real, por um motivo óbvio: o homem não quer prestar contas! É fato, não há como viver indiferente a um Deus poderoso sabendo que em algum momento será necessário prestar contas! Vale a pena ressaltar que não há como desconsiderar Deus, eliminar Deus da consciência é um ato de loucura é mexer nos princípios da humanidade. Por mais que se queira, mesmo que Sua existência não se comprove empiricamente, existem respostas que sempre em algum momento da vida atribuiremos a Deus, logo Deus é extremamente necessário para a nossa mente limitada!
O objetivo principal deste artigo é mostrar que não há possibilidade de se falar em pecado sem que este esteja num contexto relacional, quando pecamos sempre iremos ferir a nós mesmo, o próximo e consecutivamente a Deus – sem esquecer o ecossistema que sofre com as nossas atitudes pecaminosas! Sempre estaremos de forma dinâmica tomando decisões e assim, acertando ou errando.
O mais importante é sempre ter em mente o amor com que fomos comprados, o preço pago pelo Filho foi alto e para o Pai a maior loucura de amor que já fez! O pecado é uma realidade existente que cresce como um câncer no coração de quem não recebe e acolhe esse amor dado por Deus. O Deus revelado por Jesus é o Pai e não o Senhor dos Exércitos, Ele quer se relacionar profundamente com os seres humanos, e compreende o homem em suas debilidades, não há cobranças e sim diálogo.
Certa vez um amigo me disse acerca do que Deus achava do pecado cometido: "o problema não é você erra, o problema é você não correr para mim". Viver com este Pai amoroso é saber que quando errar sempre haverá um colo, é saber que se pode ter uma vida de qualidade, tendo paz com o próximo e comigo mesmo, é contemplar a beleza da criação é um amigo que sempre estará ao lado ensinando e acima de tudo, é experimentar desse relacionamento tão pleno em que a Trindade vive!
FONTES:
(1) Gottfried Brakemeier – O Ser Humano em Busca de Identidade
(2) Wayne Grudem – Teologia Sistemática, cap 24
Dica de leitura: A Cabana, autor Willian P. Young, editora Sextante
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