Por Marcelo Oliveira
Hoje é muito comum passar em uma rua ou bairro e encontrar uma igreja evangélica seja ela de qualquer denominação. Realmente isso não é difícil! O problema é que isso não me traz tanta alegria como deveria; vejo um número crescente de evangélicos, mas de não de pessoas libertas por Cristo. São pessoas que tentam se libertar em outras pessoas e, ou em campanhas sem sentido. Hoje, ser “gospel” é moda, é maneiro. Por que não dizer que é de Deus?
Infelizmente, enquanto de um lado o evangelho vai crescendo, do outro lado também cresce a criminalidade e mazelas sociais. Não consigo entender que quando andamos pelas ruas e avenidas vemos um grande número de pessoas indo para suas congregações e seus lideres se preocupando apenas em como achar uma estratégia de ganhar almas e libertá-las para Cristo. Mas libertar de que? Será que esses líderes não conseguem realmente entender que as pessoas não são apenas almas e espíritos, mas também carne; e que como carne tem necessidades básicas? Fico mais triste ainda quando vejo que muitos pastores e líderes que se preocupam somente com alma, nem disso têm conseguido cuidar.
É fundamental que todo o povo de Deus desperte para uma nova reflexão: o que é de fato a Igreja e qual o seu real papel no mundo. Hoje, ter um curso de teologia, não é mais um luxo dos tradicionais, pois está acessível a todos. Será que não conseguimos criar uma teologia puramente voltada para as necessidades integrais das pessoas, preocupando-se com sua alma e espírito, que trata da eternidade, e do seu corpo, que trata de questões finitas e temporais, mas que nem por isso são menos importantes?
O Pr. Ed René Kivits, em um de seus livros, diz: “alma sem corpo é fantasma e corpo sem alma é defunto”. É triste dizer que quando não temos fantasmas temos defuntos em nossas igrejas! Isso, porque vemos as pessoas como seres espirituais e não consideramos suas necessidades físicas. Certa vez ouvi um Pastor Batista dizer que sua igreja tinha congregações porque ele tinha visão de reino. Espera ai! Visão de reino só porque ele abre congregações... Desculpa-me dizer, mas isso é limitar o reino. Cristo não veio para ser uma fábrica de igrejas, mas para trazer paz, tanto ao espírito quanto ao corpo.
Lógico que a abertura de igrejas é fundamental para o crescimento do reino, mas isso só não é reino. O reino consiste em justiça; justiça essa que deve alcançar a todos, principalmente os desvalidos e necessitados. Uma igreja que em nada contribui para a melhoria de sua comunidade se torna inútil para o reino e para aquela comunidade. O mundo tem necessidades integrais e a igreja deve interagir com isso também de forma integral.
É triste quando vejo os crentes se envolvendo com alguma atividade política somente quando o problema aflige a igreja. Por exemplo: se criassem uma lei que todas as igrejas deveriam pagar impostos como qualquer empresa, os evangélicos, com certeza, sairiam em marcha até Brasília e lutariam pelos seus direitos religiosos. Porém quando sua própria comunidade sai para lutar por uma rua sem saneamento ou por escola melhor não vemos a participação das igrejas e muito menos dos lideres que não querem fazer feio para os políticos que de vez em quando os chamam para um cafezinho.
O mundo tem necessidades integrais e é necessário que a igreja, que é de Cristo e não de homens, tome uma postura de acordo com a vontade de Deus. Algo que seja visto como uma resposta lá do alto para os corações cansados com os seus corpos sofridos e mãos calejadas. Uma postura que seja para ajudar a igreja e seus membros, assim como toda a comunidade.
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