Por Leandro Louzada
A ressurreição de Jesus garante a nossa ressurreição e também a pressupõe. Esclarecemos que Jesus ressuscitou em novidade de vida, para a vida do século vindouro. Devemos diferenciar entre ressurreição e o que poderíamos chamar de “revivificação”, como Lázaro ou da filha de Jairo. Eles estavam mortos e voltaram a viver, mas depois morreram outra vez. Ressuscitaram para um tempo limitado, durante certo prazo de tempo desta vida. Mas Cristo ressuscitou em novidade de vida que nunca perece. Por outro lado precisamos destingir, ressurreição e imortalidade. Mas Cristo não ressuscitou espiritualmente, Cristo ressuscitou corporalmente.
Isto é demonstrado dramaticamente nos evangelhos. Ainda que Mateus e Marcos não indiquem praticamente nada sobre as características do Jesus ressuscitado, Lucas e João são muito mais extensos. Todos os evangelhos destacam a realidade literal da morte de Jesus e a total identidade do Ressuscitado com o Crucificado. Lucas empenha-se especialmente em destacar a realidade física do corpo de Cristo, junto com sua libertação das limitações naturais do corpo humano ressuscitado. Cristo caminhava ao lado de dois discípulos, também comia com eles. Jesus come com seus discípulos mostrando que não se tratava de um fantasma, mostrando-lhes a realidade da ressurreição.
Devemos demonstrar outra característica do Jesus ressuscitado: seus próprios amigos não o reconheciam, mas o confundiam com os seres humanos mais humildes. Mesmo que, em Lc 24:37, o tenham confundido a principio com um espírito, era somente porque naquele momento nem consideravam a possibilidade de que fosse o próprio ressuscitado. Porém, antes Maria Madalena já o havia confundido com o jardineiro que cuidava do jardim (Jo 20:15). Não o confundiu com um anjo, nem com um rabino ou um professor de teologia, mas com um jardineiro. E quando Cristo aparece às margens do mar, os próprios discípulos suspeitaram ser mais um pescador (Jo 21:1-4)
Diante de tudo isso, quais as características do Cristo ressuscitado?
1. Todas as fontes destacam, de uma ou outra maneira, a identidade do Ressuscitado com o anteriormente Crucificado e a continuidade de sua pessoa. Segundo João 20:20,25-27, seu corpo tinha as marcas de feridas recentes. Em todos os textos, aos relatos da sepultura seguem imediatamente os relatos da ressurreição. Em sua explicação do Evangelho que ele tinha proclamado, Paulo incluiu “foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia”. Também ao falar da ressurreição final, Paulo propõe analogias baseadas na continuidade e na transformação do mesmo corpo.
2. Todos os relatos indicam, cada um à sua maneira, que o corpo do Ressuscitado foi visível, audível e, de alguma maneira, físico. Lucas e João são os mais enfáticos neste aspecto. Embora Paulo não entre em descrições do Ressuscitado, destaca que este aparecia. Quando fala do “corpo espiritual” ou da “habitação celestial” com que seremos revestidos, Paulo destaca a novidade do corpo ressuscitado pelo poder do Espírito, mas de nenhuma maneira o reduz a uma mera imortalidade da alma. “Paulo insiste especificamente a que “alma” do crente não ficará “despida”.
3. Lucas e João, que descrevem de maneira mais ampla o Jesus ressuscitado, apresentam-no como impressionantemente humano: come, caminha, conversa. Como conselheiro consolador; psicólogo e pedagogo, segundo Lucas, abre a mente e os olhos dos dois caminhantes e tudo isso com um belo sentido de humor. É um Cristo que gosta do companheirismo da mesa e de um passeio. De angelical tinha pouco ou nada; de humano, muitíssimo.
4. Diversas fontes, Paulo em particular; destacam o paralelismo entre o corpo ressuscitado de Jesus e o dos fiéis na ressurreição final. Cristo é primogênito e primícias da ressurreição futura. O poder de sua ressurreição, que age agora em n[os que cremos, antecipa e garante nossa ressurreição futura.
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