quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Os Dois Caminhos

Por Gedeon Alencar

Segue mais uma reflexão de Gedeon Alencar. "Um quadro muito antigo, denominado de 'Dois Caminhos', talvez a única representação artística da época, e mesmo assim, rejeitada por muitas igrejas, é o bom exemplo da adequação cultural do neopentecostalismo.
No caminho largo - o caminho da perdição -, está o cinema, o teatro, o cassino, as festas, pessoas (muitas) bem vestidas com chapéus, luvas, casacos, cartolas, guarda-chuvas, etc. Muitos enfeites. No jargão evangélico: muita vaidade. Muito espaço. Repetindo, o caminho é largo. Uma grande porta de entrada com uma faixa de Bem-Vindo. No prédio do teatro tem uma frase: 'Profanação de domingo', uma das grandes ênfases da teologia em décadas passadas.
No outro lado, no caminho estreito - o caminho da salvação -, templos, casas de oração, tendas, pessoas (poucas) vestidas sem ostentação, com muita simplicidade, nenhum sinal de festas ou 'coisas mundanas'. Nem precisa dizer que não há nenhum cinema, teatro ou jogo, do lado de cá. Ao lado e todos os prédio, episódios e atitudes existem versículos bíblicos para 'fundamentar' a aprovação (caminho estreito), ou condenação (caminho largo), dos mesmos.
Por mera especulação, como seria atualmente o quadro 'os dois caminhos' em sua versão gospel?
O cinema, o teatro, a dança, as belas roupas, as festas, os muitos enfeites, todos mudaram de lado, estão (também) no 'caminho estreito'. Aliás, agora, por causa da multidão que aderiu, tiveram que 'alargar' a estrada para caber tanta gente... De forma iconográfica, sejamos sinceros, não dá para retratar atualmente o caminho largo e o estreito.
Não há, pelo menos na estética, nenhuma diferença. Ressalva seja feita: o cassino não mudou de lado. Ainda."Gedeon Alencar

Infelizmente sou obrigado a inserir um adendo que Gedeon deixou escapar. No caminho curto já encontramos os cassinos, as casas de Show, danceterias, as baladas, as mandingas, os trabalhos, patuá e até pato 'b'. O que mudou de lado? As pessoas ou as coisas? Esta é obrigatoriamente uma pergunta de reflexão.
Se for apenas uma questão de coisas, talvez, não haja nada que abale verdadeiramente o evangelho. Contudo, se foram as pessoas, então temos motivos de sobra para nos preocuparmos, pois deixamos nossas mentes conformarem-se de tal modo com este mundo que estamos seguindo na contramão do evangelho.Para o bem ou para o mal, esta é uma verdade com nuances de cinza.
Não há como separarmos o certo do errado com facilidade, como se fossem cores distintas como o preto e o branco. Dizer que tudo o que tem entrado pela igreja a corrompe é uma atitude tão extremista quanto aceitar tudo o quanto tem sido chamado de evangelho de Cristo.
Tudo o que nos cerca pode ser definido entre três características específicas: Moral, Amoral e Imoral.
Das imorais, abstenhamo-nos com urgência, por nós, pelo evangelho e pelas pessoas que nos cercam.
Das amorais, questionemo-as pois podem nos ser lícitas mas pode, muito bem, não nos convir.
Quanto as morais, tenhamos em mente o padrão de Deus quanto a moralidade para que não venhamos a cair no risco de considerar moral algo que não é.
Esta pequena dsitinção nos ajudará a caminhar nestes dias de subjetividade excessiva...
A Deus toda a glória...

Gedeon Freire de Alencar é mestre em Ciências da Religião (UMESP), diretor pedagógico do Instituto Cristão de Estudos Contemporâneos em São Paulo e membro da Assembléia de Deus Betesda-SP. (gedeon@betesda.com.br).

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