Por Leandro Louzada
Texto base: Mateus 6.1-4
Jesus começou o seu discurso no monte, descrevendo através das bem-aventuranças os elementos
essenciais do caráter cristão, prosseguiu mostrando a influencia que os
cristãos deveriam exercer no mundo, usando as metáforas do sal e luz, mostrau que a justiça do cristão deve superar a dos escribas e fariseus, ou seja, deve
passar da aparência e penetrar no coração.
Jesus
agora começa o capítulo 6, ensinando sobre a justiça e ele começa dizendo: “ Guardai-vos
de exercer a vossa justiça diante dos homens”.
Essa
palavra (justiça) é a mesma usada em Mt 5.6 e 20, embora recebam significados
diferentes em seus respectivos contextos, nos versos anteriores, citados acima,
justiça aparece relacionada com a prática da bondade, amor, pureza e
honestidade; agora, relaciona-se com esmola, oração e jejum, assim passa da
justiça moral, para religiosa do cristão.
A
tradução da BLH diz: “Cuidado! Não pratique seus deveres religiosos em público
a fim de serem vistos pelos outros”.
John
Stott diz: “A diferença essencial na religião como na moralidade é que a
justiça cristã autentica não é uma simples manifestação, mas uma coisa
escondida no coração”.
Jesus
começa dizendo em primeira vista algo contraditório, ele diz: “Guardai-vos de
exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por
eles”. Mas no mesmo livro de Mateus 5.16, o mesmo Jesus diz: Assim brilhe
também a vossa luz diante dos homens, para que vejam...”.
E
agora, como resolver esse problema, será que Jesus se contradisse?
Não!
Basta olharmos o teor das suas afirmações, a primeira ele queria combater o
pecado da omissão e na segunda o da ostentação. Como disse A.B. Bruce: “Uma é
para mostrar quando tentamos esconder e a outra esconder quando tentamos
mostrar”. Ambas devem glorificar o nome de Jesus Cristo. Não existe contradição
no ensinamento de Jesus.
Jesus
não está trazendo uma nova pratica religiosa, a oração, jejum e esmola eram
práticas já realizadas pelos judeus, porém, Jesus ensina aos seus discípulos o
por quê e como fazê-lo.
Hoje
analisaremos a pratica da esmola:
O
significado da palavra esmola é “um ato de misericórdia ou piedade”. Assim como
Jesus é misericordioso, assim deve ser os cristãos!
Mas
Jesus está preocupado não só com a prática da generosidade, contudo com a
intenção da esmola, como enfatizou desde o inicio do sermão do monte, que o
importante é a motivação do nosso coração.
Existem
três possibilidades para prática da esmola:
·
Buscar louvor dos homens;
·
Buscar nosso louvor em silêncio;
·
Buscar aprovação de Deus.
A primeira possibilidade de dar esmola
é:
1) Buscar louvor dos homens
Os
fariseus gostavam muito de receber louvor dos homens, Jesus disse: “Vós...
aceitais glória uns dos outros... e contudo, não procurais a glória que vem de
Deus” (João 5.44), e João comentou: “Amaram mais a glória dos homens, do que a
glória de Deus” (João 12.43).
Eles
saiam para entregar suas doações e a suas frentes haviam tocadores de trombetas
chamando a atenção de todos que estavam em seus caminhos, usavam a desculpa de
tocar a trombeta para avisar que a doação estava chegando, mas na verdade
queriam os aplausos dos homens.
Nós
cristãos não somos diferentes, quando doamos algo, não tocamos trombetas, mas
muitas vezes exigimos que nossos nomes sejam mencionados ou colocados em uma
lista de doadores, quando ajudamos alguém fazemos questão de divulgar para
todos o meu ato de bondade. Muitas vezes usamos uma fantasia de piedosos apenas
para ganhar aplausos e elogios do povo, santa hipocrisia que praticamos!
Existe uma segunda possibilidade de dar
esmolas:
2) Buscar nosso louvor em silêncio
Tendo
condenado a prática da ostentação e busca do louvor, aplausos e elogios dos
homens, Jesus passa a mostrar qual é a forma correta de dar esmolas.
“Tu
porém, ao dares esmolas, ignore a tua esquerda o que faz a tua direita; para
que a esmola fique em secreto.”
Não
devemos contar aos outros sobre nossa contribuição e também para nós mesmos.
Mas como não conto para mim mesmo? Não sendo autoconsciente da nossa esmola,
pois isso rapidamente resultará em justiça própria, que transbordará um
sentimento de autogratificação, ou seja, ficaremos pensando como somos pessoas
bondosas, como somos melhores que muitas pessoas. O propósito da esmola é aliviar o desespero
do necessitado, retirar as cargas do oprimido, dar a mão para o caído. Quando
praticamos a contribuição, quem deve ser beneficiado é o outro e não eu!
Não
podemos ficar pensando no valor da minha contribuição, a dádiva cristã deve ser
marcada pela abnegação e não autogratificação.
A terceira possibilidade para dar esmola
é:
3) Buscar a aprovação de Deus
Quando
fazemos uma contribuição devemos fazer como Calvino disse, “ficar satisfeitos
por termos a Deus como única testemunha”. Não podemos manter nossas ofertas
escondidas de Deus, pois o “Pai que vê em secreto, te recompensará”.
Qual
é a recompensa que o Pai celeste dá para aqueles que contribuem em secreto?
A
recompensa não é a retribuição financeira, meu dinheiro não é multiplicado
quando ajudo alguém, também não é a resolução de todos os meus problemas
pessoais, nem tão pouco a cura de uma doença e também não é a abertura de uma
porta de emprego. Porém, a recompensa para nossas esmolas é ver o alívio do
necessitado, é ver um individuo e família sendo aliviados através da minha
ajuda. Quando o faminto é alimentado, o nu é vestido, o doente é curado, o
pobre aliviado, o perdido salvo, essa é a recompensa que Deus tem para nós.
Nossas
dádivas não devem ser feitas diante dos homens, nem diante de nós mesmos, mas
diante de Deus que vê o intimo do nosso coração e nos recompensará. Porque
“mais bem-aventurado é dar do que receber” (Atos 20.35).
Muito bom!!
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