Crônistas esportivos falam do centenário do galo
Armando Nogueira:”Brasil, capital Brasília. Minas Gerais, capital Atlético Mineiro.”
Mauro Beting:O atleticano tem a coragem do galo, mas não a crista. Luta e vibra com raça e amor. Mas não se acha o dono do terreiro. Sabe que precisa brigar contra quase tudo e contra quase todos. Até contra o vento, na célebre imagem de Roberto Drummond. Aquela que fala da camisa preta e branca pendurada num varal durante uma tempestade. Para o escritor atleticano, ou, melhor, para o atleticano escritor, o torcedor do Atlético sopraria e torceria contra o vento durante a tormenta.Não é metáfora. É meta de quem muitas vezes fica de fora da festa. Não porque quer. Mas porque não querem. Posso falar como jornalista há 17 anos e torcedor não-atleticano há 41: não há grande equipe no país mais prejudicada pela arbitragem. Os exemplos são tantos e estão guardados nos olhos e no fígado. Não por acaso, o atleticano acaba perdendo alguns jogos e títulos ganhos porque acumulou nas veias as picadas do apito armado.Algumas vezes, é fato, faltou time. Ou só sobrou raça. Mas não faltou aquilo que sobra no Mineirão, no Independência, onde o Galo for jogar: torcida. Pode não ser a maior, pode não ser a melhor, pode até se perder e fazer perder por tamanha paixão, cobrando gols do camisa 9 como se todos fossem Reinaldo, pedindo técnica e armação no meio-campo como se todos fossem Cerezo, exigindo segurança e elegância da zaga como se todos fossem Luisinho.Mas não se pode cobrar ninguém por amar incondicionalmente.O atleticano não exige bola de todo o time. Não cobra inspiração de cada jogador. Quer apenas ver um atleticano transpirando em cada camisa, em cada posição, em cada jogada. Por isso pede para que o time lute. É o mínimo para quem dá o máximo na arquibancada.A maior vitória atleticana é essa. Mais que o primeiro Brasileirão, em 1971, mais que o vice mais campeão da história do Brasil, em 1977. Os tantos títulos e troféus contam. Mas tamanha paixão, essa não se mede. Essa é desmedida. Essa é a essência atleticana.Essa é centenária. Essa é eterna.
Paulo Vinícius Coelho PVC: Tinha Reinaldo, Ziza... e depois Éder, Cerezo, Chicão, Palhinha... Ou depois o time do hexa, com Heleno. Era olhar para um lado e ver um craque em ação. Olhar para o outro e enxergar alguém pronto a decidir uma partida.Se muita gente diz hoje em dia que a melhor seleção que viu jogar foi a de 1982, pode também dizer que um dos maiores times a que assistiu foi aquele Galo. A base da equipe de Telê, afinal, nasceu na Vila Olímpica.Éder, Paulo Isidoro, Luizinho, Cerezo e mais Reinaldo, João Leite, que não chegaram à Espanha, mas ajudaram a montar aquele time fantástico. Fantástico é o mínimo que se pode dizer do time do hexa, entre 1978 e 1983. Mas o Galo não é só isso. Cada jogo no Mineirão, cada grito do lado esquerdo das tribunas do Mineirão. Cada jogo do Galo é uma aula de paixão pelo futebol.Esqueça um pouco o passado remoto, pense nos tempos mais recentes e você lembrará de Belletti, Caçapa, Mancini, Cicinho. Jogadores que desfilam talento pelos campos do mundo explodiram mesmo com a camisa do Atlético.O centenário chega com a certeza de que é viável montar, em breve, um time como aquele dos anos 70. Galo forte e vingador.
Roberto Assaf: O Atlético passou a ser um dos gigantes do nosso futebol quando começou a colecionar títulos locais. Logo, passou também a agregar ao patrimônio a legião de fanáticos que ganhou dimensão extraordinária depois que o clube superou os limites do seu estado e do próprio país. Na conquista do Torneio dos Campeões, em 1936/37, o Galo já havia mostrado a sua força, revelando um punhado de craques. Mas foi efetivamente a partir da década de 50, quando o alvinegro voltou de uma vitoriosa excursão à Europa ostentando o título simbólico de "Campeão do Gelo", que a imprensa do Rio de Janeiro e de São Paulo foi obrigada a deixar de ignorá-lo. Logo, a CBD começou a promover competições nacionais em seqüência, como a Taça Brasil e o Roberto Gomes Pedrosa, e o Galo então provou definitivamente o valor que levara Minas a apaixonar-se. Um grande clube se faz com conquistas e craques. Assim, é sem dúvida um autêntico quebra-cabeça montar por exemplo o maior time da história carijó. Pois se a turma dos anos 30 ampliou a trajetória dos pioneiros, a dos 50 pôs o clube no mapa do mundo, e a dos 70 e 80 impôs o respeito às gerações mais recentes. Tanto que basta, na prática, essa última para escalar o esquadrão dos sonhos. Mazurkiewicz, Nelinho, Vantuir, Luisinho, Oldair, Gilberto Silva - aqui emprestado pelos 90 -, Toninho Cerezo, Paulo Isidoro, Dario, Reinaldo e Éder - poderiam perfeitamente representar a fantástica e agora centenária trajetória do Galo forte e vencedor. Os milhões de meninos que engrossam hoje a massa alvinegra não puderam vê-los. Mas citar os nomes desses, e de outros, ou lembrar da coleção de campeonatos do clube, regionais, nacionais e internacionais, foi suficiente para convencê-los. Pois um grande clube se faz com conquistas e craques, e isso, com certeza, o Atlético tem de sobra.
Milton Neves:“O Atlético Mineiro é o Galo mais lindo do mundo e tem a torcida mais vibrante e fiel do planeta. Jamais esquecerei a Massa Atleticana pelas homenagens que me prestou em outubro de 2001 e em novembro de 2006. Jamais esquecerei porque a gratidão é a primeira das virtudes do homem e a base de todas as demais. Essa homenagem, além de ter calado fundo em minha alma, foi a maior e única homenagem prestada por uma torcida a um jornalista esportivo deste país. Acumuladamente, 150 mil pessoas cantaram meu nome e isso jamais esquecerei. Desejo mais um milhão de anos ao Galo mais lindo do mundo. Esse casamento vai continuar nas noites de domingo, no Terceiro Tempo, agora na TV Bandeirantes, onde esse amor ao Clube começou com o programa Super Técnico”.
Jairo Anatólio Lima:“Acompanho o Atlético desde o início da minha carreira. Vi o Galo passar por todo o tipo de situação, desde as mais felizes até as mais dramáticas. Comecei a acompanhar o Clube em 1946, em um time que tinha Kafunga, Murilo e tantos outros. Este time conquistaria o primeiro tri-campeonato mineiro da história do Clube. Acompanhei o título de 1971, a perda do título de 1977 nos pênaltis, a vitória sobre a seleção em 1969. O Atlético tem algo único, que é a torcida. Ela é o maior patrimônio do Galo, que fez uma merecida homenagem imortalizando a camisa 12. Não há nada igual, pude conhecer diversas torcidas por todo o mundo, muito fervorosas, mas sem tanta paixão. É essa a força do Atlético, a razão da superação das crises. O Atlético representa, no Brasil, algo diferente, único”.
Willy Gonser: É uma história gloriosa, um grande clube, de tradições mil, e quem tem um passado glorioso, de tantos títulos conquistados. Fui testemunha de muitas e muitas dessas partidas do Atlético, nem sempre com resultado positivo, mas também com uma série de sucessos inegáveis: excursões a Europa, por exemplo, tantas que eu acompanhei, com êxito diante de grandes times, como por exemplo a conquista do Torneio Internacional da Holanda, quando do outro lado estavam os três mosqueteiros que anos depois brilhariam no Milan. Eu me lembro da conquista do Torneio da Costa do Sol, quando o Vingador mais se firmou, porque lá recentemente um time brasileiro tinha perdido, e o Reinaldo fez o gol apesar de terem rasgado a canela dele. O Galo ganhou a final na Costa do Sol com 1 a 0 em Málaga, na Espanha. Outros tantos torneios, como o de Paris, muitos outros na Europa, também. as duas conquistas da Copa Conmebol, e a presença boa nos torneios nacionais. Eu não vi, pessoalmente não transmiti a conquista do titulo de 1971, acompanhei a alguma distancia, e vi outras boas presenças, campeonatos que o Atlético beliscou mas não chegou a ganhar. Mas, conquistas memoráveis, e essa festa permanente da torcida do Atlético, que é realmente a grande demonstração de paixão que uma torcida pode oferecer no Brasil. Uma torcida sofrida, que mesmo assim aplaude sempre, tornando o Galo em muitos anos o recordista brasileiro em termos de público no campeonato nacional. São feitos que não se podem apagar, tem que ser sempre lembrados, e não será um mal momento eventual do time de futebol do Atlético que vai apagar essa glória enorme, de formas que todo o atleticano está de parabéns pelos 100 anos que agora comemora.
Cláudio Arreguy: Parabéns à gente atleticana, pois, nestes 100 anos, jamais deixou de acreditar na explosiva mistura do preto e do branco e de afiar o impressionante grito, que, partido como uma ordem peremptória das arquibancadas, insufla os 11 jogadores em campo a enfrentar os adversários e as adversidades, como o herói a desafiar a mais terrível das tempestades.
Rogério Perez: A saga do Clube Atlético Mineiro teve início no Outono de 1908, quando um grupo de quase-meninos decidiu criar um time de futebol no centro da Belo Horizonte, que estava completando a primeira dezena de anos, como a maioria deles, alguns adolescentes, todos tomados pela magia eaventura do esporte que hoje é o mais popular e grande força do marketing e do show business mundial.Era um dia 25 de março de 1908, com a cidade tomada pelo tempo chuvoso e também pela alegria e emoção dos primeiros habitantes, dos fundadores e daqueles que escolheram a terra de Curral Del Rei para ser a primeira cidade planejada do Brasil, espelhada em Paris e Washington, capitais das França e dos Estados Unidos.Agora, 100 anos depois, o sonho daqueles meninos virou uma realidade com o clube crescendo além do Centro histórico da nova capital mineira, da Colina de Lourdes, onde até hoje está encravada a sede do CAM e existia, antes de a especulação imobiliária - que tudo destrói e transformaem monumentos ao selvagem progresso do novo século- o Estadinho Antônio Carlos, o sagrado campo que guardava as mais importantes conquistas e vitórias do poovo alvinegro.Gente de alma, coração, pele, cabeça, troncos e membros e mentes pretos e brancos, alvinegros como cantam os hinos e refrões atuais no Mineirão e outros estadinhos e grandes arenas de Minas, do Brasil, da América e do mundo. Uma torcida indomável que encanta e espanta aqueles quechegam a Belo horizonte e Minas e com seus gritos de guerra transforma pequenas vitórias e conquistas, em verdadeiras epopéias.É o Atlético dos meninos e adolescentes de 1908, que sonharam e nem podiam imaginar que chegaria tão longe, no tempo e na alma dos alvinegros, que deve assumir hoje mais um compromisso com a história dos atleticanos e transformar os próximos 10, 20, 50 ou 100 anos mais felizes e contagiantes, sem o sofrimento e as perdas de alguns momentos e que agora estão se transformando em rotina, que os verdadeiros torcedores do Campeão do Gelo, do Campeão dos Campeões, do primeiro tricampeonato dopentacampeonato, do Campeonato Brasileiro de 1971 e tantas vitórias, taças, copas e títulos, reppudiam e cobram. Viva a brava e centenária gente atleticana. GalôôÔOOOOOOOOOOOOOO!!!
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